A obesidade é uma doença associada ao acúmulo de adiposidade corporal, inflamação crônica de baixo grau, resistência à insulina e intolerância à glicose. Evidências sugerem que o exercício físico pode ser capaz de prevenir e até mesmo reverter todos esses efeitos deletérios provocados pelo ganho de peso corporal.
Partindo desse contexto, buscamos verificar o papel do treinamento de natação na inflamação do tecido adiposo e variáveis metabólicas de camundongos espontaneamente obesos. Foram utilizados animais deficientes de leptina (ob/ob). Acompanhamos o desenvolvimento corporal, e o consumo calórico. Verificamos alterações na homeostase glicêmica através do teste de tolerância à glicose (TTG) e resistência à insulina (TRI). Os níveis sanguíneos de TNF-α, CK, MCP-1, IL-1β, IL-17A, IL-4, uréia e creatinina foram mensurados por kits colorimétricos; IL-10 e adiponectina foram mensuradas por meio de kits de ELISA. Também verificamos a expressão dos genes CXCL9 e CXCL10, referentes a macrófagos M1, por PCR-real time, e quantificamos as células do sistema imunológico CD4, CD8, CD86 (macrófago M1), CD206 (macrófago M2), neutrófilos e células NK utilizando citometria de fluxo. Os animais foram submetidos a um protocolo de treinamento de natação de 6 semanas, com aumento gradual de carga fixada à causa até atingir o valor de 5% do peso corporal, sendo que um grupo nadou 3 vezes na semana, com intervalo de um dia de descanso entre as sessões de treino, e o outro nadou 5 vezes na semana, durante 60 minutos por sessão.
Verificamos que a natação não foi capaz de provocar alterações na massa corporal dos animais, consumo, adiposidade, em ambos os grupos, e na tolerância à glicose e resistência à insulina, no grupo que nadou com intervalos de descanso. Esse último grupo também não mostrou diferença no que diz respeito à concentração plasmática de citocinas, porem teve a quantidade de neutrófilos diminuída no tecido adiposo. Os animais que nadaram 5 vezes por semana mantiveram seus níveis de uréia e creatinina plasmáticas inalterados, em contrapartida a expressão de CXCL10, diminuiu no tecido adiposo, e adiponectina e IL-10 séricas aumentaram.
Concluímos que o exercício com intervalos pareceu ser efetivo para redução na migração de neutrófilos para o tecido adiposo, mas apesar disso, os parâmetros glicêmicos não sofreram qualquer alteração. Quando nadam diariamente, os efeitos do treino aparecem no aumento das citocinas anti-inflamatórias adiponectina e IL-10, e redução da expressão do gene CXCL10, referente a macrófagos pró-inflamatórios. Esses resultados nos levam a crer que o exercício pode modular a inflamação na obesidade, independente de alterações na homeostase glicêmica e adiposidade corporal.