As afecções do sistema respiratório são a segunda causa de queda de desempenho e afastamento dos equinos do esporte ou trabalho, as quais estão atrás somente das desordens musculoesqueléticas. A estabulação e alimentação a base de fenos predispõe os equinos a inalação de grande número de agentes irritantes as vias aéreas. No intuito de mensurar a influência dos tipos de cama utilizado em baias de equinos nas respostas alérgicas das vias aéreas estudou-se 3 grupos com 5 equinos cada sendo dois mantidos em cocheiras com diferentes tipos de forração à base de madeira (maravalha de pinus autoclavada-MA e serragem-SE) e por último um grupo controle à pasto por 45 dias com avaliações quinzenais (D0, D15, D30 e D45). Foi realizado nestes momentos o exame físico, coleta de amostras de sangue venoso e arterial para realização de hemograma e hemogasometria respectivamente, lavado broncoalveolar com análise citológica e mensuração de fosfatase alcalina, além de amostras das camas (limpa e suja) e feno pré-secado para análise micológica. No exame físico foi notado tosse e espirros em maior intensidade e número nos equinos do grupo SE. A análise hematológica permaneceu dentro dos padrões de normalidade. Já nos achados hemogasométricos os maiores valores de pH foram observados nos equinos à pasto (7,47 ± 0,02). Nos grupos embaiados foi observado valores de pressão parcial de dióxido, de D15 à D45, inferiores (valores entre 38,3 a 43,7 mmHg) ao grupo a pasto (valores entre 43,7 a 46,5 mmHg), sendo os valores de pressão parcial de oxigênio inversamente proporcionais (MA e SE: valores entre 103,6 a 127,78 mmHg e à pasto: 88,2 a 103,6 mmHg). Os principais achados no lavado broncoalveolar basearam-se na contagem de células nucleadas totais no que apresentou maiores valores em todos os momentos nos animais à pasto (251,0 a 336,8 x 103/ μL), seguido do grupo SE (197,0 a 248,6 x 103/ μL) e por último o MA (140,6 à 270,2 x 103/ μL). Dentre as células nucleadas os macrófagos representaram maior porcentagem seguidos dos linfócitos (51,2 a 80,8% e 6,6 a 33,2% respectivamente). Um padrão inesperado foi observado na população de neutrófilos, os quais com os passar dos momentos houve decréscimo, com excessão do grupo MA que apresentou um pico no D30 (35%), relacionado ao pico de fosfatase alcalina (27,6 ± 14,98 UI/L) neste mesmo momento. Foram identificados cerca de 12 gêneros fúngicos em ambas camas e 17 no alimento volumoso, sendo neste último encontrado gêneros patogênicos como Aspergillus (0,85 ± 2,2%), Fusarium (5,35 ± 9,23%) e Penicílium (4,81 ± 9,53%), porém em baixas porcentagens. A principal diferença entre as camas baseouse na capacidade da produção e dispersão de partículas finas passíveis de inalação, a qual foi maior para a serragem (MA: 15,29 % e SE: 18,28%). Concluiu-se que a cama de maravalha além de ter manejo mais fácil, apresentou menor capacidade irritativa das vias aéreas superiores do que a serragem. As condições de manejo e estabulações utilizadas foram ideais, servindo de modelo quanto a ventilação e higienização das baias.