Esta dissertação analisa como se deu o processo de expansão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) ocorrida no governo Lula (2003 a
2010). Em 100 anos de existência da Rede Federal de Educação Profissional foram criadas
140 unidades em todo o Brasil, enquanto que no recorte de tempo desta dissertação, foram
criadas 214 unidades. No caso específico do Instituto Federal do Espírito Santo, foram
criados, até 2010,15campi, distribuídos em vários Municípios do Estado. As seguintes
perguntas nortearam a investigação: houve democratização do acesso a um maior número de
alunos pela criação de unidades e de vagas/matrículas? Houve participação dos servidores do
Ifes no processo da expansão e de sua criação? A expansão reforçou e/ou recriou a função
social do Ifes? O objetivo geral foi investigar o processo de criação e expansão do Ifes, na
perspectiva da afirmação da democracia, no sentido da democratização do acesso e da
participação dos servidores. Ademais, foi analisada a perspectiva do cumprimento da função
social do Ifes. A metodologia empregada é quali-quantitativa, pois foram utilizadas análises
dos dados do crescimento da oferta, assim como foi feita análise documental e fez-se uso de
um referencial teórico que auxiliou na compreensão do processo. Os instrumentos utilizados
foram questionários com os servidores do Ifes e entrevistas com os gestores. A entrevista foi
semi-estruturada em função do contato direto com o entrevistado e, o questionário, foi o
estruturado, pois foi realizado por meio eletrônico. Foram ouvidos em entrevista todos os
gestores que estavam no Ifes no período de 2003 a 2010. Para os professores e técnicoadministrativos,
denominados na dissertação de servidores, foi aplicado um questionário
estruturado para 10% do total de servidores que estavam efetivos no período de 2003 a 2010.
Os documentos analisados foram leis, decretos e normas, gerais e internas à instituição,
destacando as leis de expansão da Rede e de criação do Ifes (Leis nº 11.196/05 e 11.892/08), a
LDB/96, a Lei nº 11.741/08 que incorporou a organização da educação profissional à
LDB/96, bem como os Planos de Desenvolvimento Institucional, os Projetos Pedagógicos
Institucional, os Relatórios de Gestão, as Atas do Conselho Diretor e algumas Atas da Câmara
de Ensino e Pesquisa do Cefetes. Partiu-se do princípio de que não basta que se construam
novos campi ou estruturas escolares, se o processo de expansão não atender à necessidade da
sociedade e se a participação dos gestores, professores e técnico-administrativos não tiverem
sido levados em conta no processo de construção desta nova institucionalidade. Mas,
sobretudo, entende-se que é importante que essa expansão seja significativa na sociedade em
termos de criação de mais e melhores oportunidades de formação e qualificação profissional,
que fomente um aprendizado voltado para educação de um cidadão autônomo. Como
conclusão, observou-se que houve um avanço na democratização do acesso ao Ifes, na medida
em que se ampliou o número de campus e sua interiorização, bem como o número de
matrículas. Por outro lado permanece o desafio da universalização da educação em todos os
seus níveis. No campo da participação, ficou revelada a não participação, o que demonstra
ainda um sistema de organização em que muito se informa, mas pouco se participa
efetivamente, no sentido da decisão. Quanto ao atendimento a função social é possível afirmar
que houve um aumento da relação de matrículas com a população total do Estado do Espírito
Santo, além da percepção dos servidores e gestores de que foi realmente positivo e um passo
importante na direção de que a cada dia se possa aproximar mais das necessidades de cada
contexto local e realizar efetivamente um projeto de inclusão social.