A formalina é amplamente utilizada na aquicultura mundial para tratamento de parasitoses em animais aquáticos, mas no Brasil são escassos os estudos com essa substância química em peixes nativos. Este estudo avaliou a concentração letal média (CL50-96h) da formalina, seus efeitos histopatológicos e comportamentais no Arapaimagigas, e a concentração efetiva (CE50) em teste in vitro para Dawestrema cycloancistrium. A eficácia de banhos com duração de 1 e 12 horas para D. cycloancistriumforam avaliadas, e seus efeitos fisiológicos e residuais no músculo do A. gigas submetido a diferentes concentrações de formalina. Após 96 h de recuperação os índices parasitários e a ação residual foram reavaliados. A determinação da CL50-96h e as análises histológicas e comportamentais foram avaliadas usando concentrações de 22, 44, 66, 88 e 110 mg/L de formalina. Métodos usuais foram usados para análises histopatológicas e eficácia da formalina. A CL50-96h para juvenis de A. gigas foi 36,4 mg/L. Foram observadas alterações histopatológicas (hiperplasia, hipertrofia do epitélio, fusão lamelar, hemorragia, aneurisma lamelar, proliferação de células ricas em mitocôndrias e de células mucosas) nas brânquias de A. gigas e comportamentais (letargia, natação errática, espasmos e perda de equilíbrio), acompanhadas de sinais clínicos (opacidade de córnea, brânquias opacas e friáveis, mucosidade excessiva e hiperemia) nas concentrações de 88 e 110 mg/L de formalina. O Índice de Alteração Histológica (IAH) das brânquias mostrou diferenças estatísticas nas concentrações 66, 88 e 110 mg/L em relação ao controle, indicando modificações de moderadas a severas, enquanto o Valor Médio de Alteração (VMA) teve diferenças estatísticas na concentração de 110 mg/L, quando comparado ao controle. Esse índice indicou lesões pontualmente localizadas, sem comprometer o funcionamento da brânquia. O efeito da formalina no controle de D. cycloancistriumfoi avaliado em banhos curtos (1 h) e banhos longos (12 h) nas concentrações de 220, 330, 440 e 550 mg/L e 33, 44, 55 e 66 mg/L, respectivamente. Eficácia de 93% e 99% foram obtidas em concentrações de 440 e 550 mg/L (banho de 1 h), e 44% e 55% em 55 e 66 mg/L, respectivamente (banho de 12 h).O hematócrito (Ht), hemoglobina, número de eritrócitos totais, volume corpuscular médio, concentração da hemoglobina corpuscular média, hemoglobina corpuscular média, níveis plasmáticos de glicose, cortisol, proteínas totais, cloreto (Cl-), cálcio (Ca2+), sódio (Na+), potássio (K+) e magnésio (Mg2+) de A. gigas não apresentaram diferenças em relação ao controle no banho de 1h, mas no banho 12h houve diferenças estatísticas no Ht e nos níveis de glicose, cortisol e íons plasmáticos Cl- e Ca2+. Após 96 h de recuperação, não foi observada reinfestação de monogenoideos nos peixes nos dois períodos de exposição, e reduções próximas ao controle foi verificada no resíduo de formalina no músculo dos peixes em todas as concentrações e períodos de exposição. As variáveis físicas e químicas da água dos experimentos, estiveram dentro dos limites considerados aceitáveis para o pirarucu. Com estes resultados, é possível concluir que a formalina é eficaz (> 90%) no controle de D. cycloancistriumdo pirarucu em 440 e 550mg/L por 1 h (banho curto), sem comprometer a homeostase dos peixes, e a segurança alimentar, mas o consumo dos animais deve ser somente após período residual de 96h da realização de banhos terapêuticos com formalina.