O objetivo desta tese foi o estudo da variabilidade espacial e temporal da comunidade
de rotíferos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí-PA e o estado da arte da biodiversidade de
rotíferos em reservatórios brasileiros. Para o estudo da variação espacial e temporal,
foram filtrados 560 l de água, em uma rede de plâncton (60 μm), retirados do estrato 1
(superfície) e do 2 (oito metros), por meio de uma motobomba, em doze pontos
distribuídos a montante (Zona Próxima a Barragem-ZPB e Zona de Transição-ZTR) e a
jusante (Zona a Jusante), do reservatório, durante os períodos de maior (dez/11 e
mar/12) e menor (set/11, jul/12 e set/12) precipitação de chuva. No primeiro período,
foram realizadas coletas interanual e quadrimestrais, por meio de rede de plâncton (60
μm) na superfície da coluna d’água, em um total de 10 pontos amostrais, localizadas na
zona limnética. No segundo, a coleta foi interanual e trimestrais, sendo realizada em
diferentes estratos da coluna d’água (superfície-E1 e oito metros de profundidade-E2).
As famílias Brachionidae, Lecanidae e Trichocercidae foram as mais representativas,
em termos de frequência e abundância, nos dois períodos. As espécies Keratella
americana e Rotariasp. foram consideradas espécies mais abundantes, principalmente
na Zona Próxima a Barragem (ZPB) e na de Transição (ZTR), respectivamente, com um
padrão de distribuição, provavelmente mais afetada pela pluviosidade. Variações
sazonais foram observadas entre na abundância das espécies, destas a K. americanae
Rotaria sp. foram as que apresentaram maiores valores no período menos chuvoso e
menores no mais chuvoso e outras ocorreram apenas em um dos períodos. No entanto, a
correlação entre as abundâncias de espécies de rotíferos e variáveis limnológicas,
durante o períodomais chuvoso, não foi significativa, mas foi no período mais chuvoso.
Os altos valores dos eixos canônicos (Abundância de espécies de rotíferos vs variáveis
limnológicas) foram influenciados pela transparência, condutividade e OD no E1, e pelo
OD e pH no E2. Os maiores valores de diversidade foram apresentados na ZPB, no
período mais chuvoso (mar/12) e na ZTR durante no menos chuvoso (set/12). A
equitabilidade, entre as profundidades e entre as zonas, sugere menor variabilidade na
abundância das espécies e maior riqueza. A composição, a abundância e a diversidade
específica da comunidade de rotíferos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí podem ser
afetadas pelas variações morfométricas e limnológicas do local de coleta e pela
pluviosidade. Para o Estado da Arte foram realizados levantamentos bibliográficos,
artigos indexados, sobre a biodiversidade de rotíferos planctônicos, em reservatórios brasileiros. A maioria dos trabalhos aborda, principalmente, os temas: distribuição
horizontal, composição e riqueza, seguidas de distribuição vertical, de densidade, de
aspecto sazonal e temporal, de abundância relativa e de diversidade e equitabilidade. A
maior parte dos reservatórios está localizada na região Sudeste, com a maior riqueza,
contando o número total de espécies (incluindo as repetidas nos diferentes artigos) e na
Nordeste, com menor número de reservatório e com a menor riqueza. A região Centro-
Oeste apresentou a maior riqueza e a Nordeste a menor (apenas espécies e subespécies
não repetidas). Percebe-se, portanto, que há um esforço cada vez maior dos autores das
regiões Sudeste e Centro-Oeste na identificação ao menor nível taxonômico possível.
As espécies Keratella americana e Conochilus unicornis foram as mais comuns em
todas as regiões brasileiras, seguidas de K. lenzi, Polyarthra vulgaris, Brachionus
falcatus e Filinia longiseta, consideradas cosmopolitas. Portanto, as espécies da
comunidade de rotíferos se distribuem heterogeneamente e apresentam diferenças
consideráveis em sua distribuição vertical e horizontal, nos ambiente do reservatório da
UHE Tucuruí, podendo ser afetadas pelas variações morfométricas e limnológicas do
local de coleta e pela pluviosidade. Portanto, os rotíferos possuem ampla distribuição
em todas as regiões brasileiras, devendo-se à capacidade de habitarem variados cursos
hídricos e de se dispersarem, por meio de ovos de resistência presos a diferentes
organismos ou embarcações.