Título: Uso de estratégia multimodal para promover adesão à higienização das mãos em Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos
Introdução: Estudos apontam que a adesão às práticas de higienização das mãos (HM) é insatisfatória em todo o mundo e evidenciam taxas de adesão em torno de 40%. Objetivos: Verificar conhecimento prévio dos profissionais de uma Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP) sobre práticas de HM; identificar fatores determinantes da intenção dos profissionais em realizar o comportamento HM durante o cuidado do paciente em uma UCIP; comparar a taxa de adesão dos profissionais às práticas de HM antes e após implementação de intervenções de melhoria. Material e Método: Estudo quase experimental que envolveu a manipulação da variável HM, a partir do estabelecimento de intervenções de infraestrutura e educacionais. Para o estudo do conhecimento e de fatores determinantes da intenção do comportamento de HM foram delineados estudos descritivos. Foi desenvolvido com 60 profissionais de uma UCIP de um hospital universitário do município de São Paulo. Realizou-se observação direta de amostra previamente calculada composta por 1261 oportunidades de HM, em três fases: Fase pré-intervenção(avaliação da adesão à HM antes da intervenção, 410 oportunidades de HM), Fase 1 - pós-intervenção(precedida da intervenção de infraestrutura, enfoque na avaliação prévia de conhecimento, 405 oportunidades de HM) e Fase 2 - pós-intervenção (precedida pela avaliação de determinantes do comportamento, 446 oportunidades de HM). Abrangeu estudo de variáveis relacionadas à HM, aos profissionais, ao conhecimento sobre HM (medido por instrumento validado, composto por dez cenários assistenciais; fixado em sete acertos o conhecimento sobre HM) e ao comportamento (medido por escala diferencial semântica validada por especialistas, fundamentada na Teoria do Comportamento Planejado, estudando-se os construtos intenção, atitude, pressão social percebida e controle comportamental percebido). A análise dos dados deu-se por meio de análise descritiva e inferencial (p≤0,05). Resultados: A intervenção promoveu aumento significativo (p=0,010) da taxa de adesão às práticas de HM (Fase pré-intervenção 27,3%; Fase 1 - pós-intervenção 33,1%; Fase 2 - pós-intervenção 37,0%). Verificou-se aumento (p<0,001) do uso da preparação alcoólica, sem aumento significativo da lavagem de mãos, mais frequente em todas as fases de estudo. A indicação após contato com o paciente associou-se à maior frequência global de HM (49,8%) e às maiores médias de adesão nas três fases (p=0,005). Aumento da HM também foi verificado na indicação após contato com áreas próximas ao paciente (p=0,005), não havendo influência das intervenções nas outras três indicações estudadas. Aumento significante (p<0,001) da adesão ocorreu apenas entre os técnicos de enfermagem. As variáveis precaução de contato e uso de luvas não influenciaram a HM. Dentre os quatro tipos de atividades estudadas, associaram-se a aumento significante da adesão manipulação direta do paciente (p=0,016) e manipulação de equipamentos e mobiliário (p<0,001). Quanto ao conhecimento prévio sobre HM, obteve-se média de acertos de 3,9; o conhecimento foi insuficiente para 95% dos profissionais. A análise multivariada evidenciou que a pressão social percebida representou fator determinante (p=0,026) da intenção relacionada ao comportamento de HM, em amostra de 38 profissionais. Conclusão: Houve aumento significativo da adesão às práticas de HM na UCIP, embora as taxas sejam consideradas baixas. O conhecimento prévio sobre HM da maioria dos profissionais era insuficiente e a pressão social percebida representou fator determinante da intenção em realizar o comportamento de HM.