Antibióticos são largamente utilizados na medicina humana e veterinária. Após o
consumo, grande parte dos fármacos é excretada inalterada ou sob forma de
metabólitos, e por intermédio dos lançamentos de estações de tratamento de esgotos,
resíduos agrícolas e lixiviação, alcançam os ecossistemas naturais. A ocorrência de
antibióticos nos ambientes aquáticos tem se tornado uma preocupação crescente em
todo o mundo especialmente devido ao aparecimento de genes de resistência em
bactérias patogênicas. O uso indiscriminado e a utilização de doses subterapêuticas de
antibióticos provocam o surgimento de resistência. Em Goiás, uma pesquisa recente
demonstrou a presença de bactérias resistentes a vários antibióticos em efluentes
hospitalares e na estação de tratamento de esgotos de Goiânia. Os processos de
tratamento de efluentes baseados na degradação biológica apresentam baixa eficiência
de remoção de fármacos residuais devido à estrutura recalcitrante e ao potencial biocida
dos antibióticos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficiência da decomposição
hidrotermal dos antibióticos ampicilina, enrofloxacina, oxitetraciclina, sulfaquinoxalina
e tilosina. Com este intuito, soluções dos antibióticos foram preparadas com
concentração de 50 μg.mL-1 e com correção de pH para a faixa 3-7, com solução de
ácido fosfórico, para o tratamento com carbonização hidrotermal. O tratamento pelo
processo de carbonização hidrotermal da oxitetraciclina com correção de pH feita com
ácido fosfórico, pH 3, temperatura de 170ºC e tempo de reação de 90 minutos
apresentou como resultado a decomposição total deste antibiótico (100%). A maior taxa
de decomposição (98,37%) para a enrofloxacina foi observada quando foram utilizados
tempo reacional de 120 minutos, pH 3, temperatura de 200ºC e ácido fosfórico como
catalisador. A maior taxa de decomposição da ampicilina (94,86%) foi observada
quando se utilizou tempo de reação de 120 minutos, pH 4, temperatura de 200ºC e ácido
fosfórico como catalisador. As condições mais adequadas para a decomposição da
sulfaquinoxalina, observando a maior taxa de redução (95,71%), foi observada quando
foram utilizados tempo reacional de 120 minutos, pH 5, temperatura de 180ºC e ácido
fosfórico como catalisador. Todas as condições, exceto o pH 7, levaram a decomposição
total da tilosina (100%) das amostras. A melhor condição para a decomposição da
tilosina, observando menor gasto energético, tempo reacional e gasto de catalisador, foi
aquela onde se utilizou tempo de reação de 90 minutos, pH 4, temperatura de 180ºC e
ácido fosfórico como catalisador. No teste de germinação com Allium cepa, as soluções
tratadas, exceto a ampicilina, apresentaram taxas similares de germinação as
encontradas no Grupo Controle. As soluções dos antibióticos sem tratamento
apresentaram taxas superiores de crescimentos dos brotos quando comparadas ao Grupo
Controle. Esses resultados mostram que o processo de carbonização hidrotermal
apresenta potencial para futuras aplicações de decomposição de antibióticos em águas e
efluentes contaminados.