A última década revelou um crescimento do interesse de estudiosos da linguagem acerca da produção e uso de dicionários escolares, sobretudo no Brasil, haja vista o fato de que a partir do ano de 2001 o Ministério da Educação (MEC) introduziu no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) a distribuição de dicionários. Neste contexto, a metalexicografia enquanto ramo da Linguística Aplicada tem desempenhado o papel de fomentadora das discussões em torno das questões relativas às obras lexicográficas. Noutra via, o desenvolvimento das novas tecnologias da informação e comunicação é uma realidade cotidiana na vida das pessoas, especialmente, na escola, o que proporciona também novas práticas discursivas. Assim, também as obras lexicográficas se inserem neste contexto, por meio da popularização de dicionários eletrônicos online. A partir deste cenário, nossa investigação teve como objetivo descrever e analisar as redes medioestruturais de dicionários digitais e impressos de língua materna, a partir de uma interface entre os links e as remissivas, ancorando-se nas mais recentes contribuições da metalexicografia (WELKER, 2005; PONTES, 2011; De SHCRYVER, 2012) e da Teoria do Hipertexto Digital (ARAÚJO, 2012; COSCARELLI, 2012; SNYDER, 2012). Para tanto, analisamos dicionários impressos do chamado G4 (Aurélio, Houaiss, Aulete e Michaellis), bem como seus equivalentes digitais, além doDicionário online Priberam da Língua Portuguesa. Traçamos uma linha descritiva e comparativa das redes léxico-semânticas das obras em questão, com base em um corpus constituído por verbetes previamente selecionados nas obras objeto da pesquisa, a fim de comprovar nossa hipótese de que links e remissivas constituem mecanismos equânimes e fundamentais para o estabelecimento do fluxo da informação nas obras lexicográficas. Com base nas amostras analisadas, os resultados apontaram para o que previmos inicialmente nas hipóteses: o fato de que link e remissiva, embora em meios diferentes, funcionam da mesma forma no texto lexicográfico, pois cumprem o papel de levar o consulente de um lugar a outro. Além disso, não há indicações suficientes de que há em curso uma reelaboração do gênero verbete do impresso para o digital.