Objetivo: Elucidar o processo de magnetofecção in vitro e in vivo em tumores
de glioblastoma induzidos por células C6 de glioma, com perspectiva futura de
aplicação terapêutica da técnica de magneto hipertermia. Para tanto, utilizou-se
nanopartículas superparamagnéticas de óxido de ferro conjugadas com
moléculas fluorescentes de Rhodamine-B (NOF-Rhod) e a imposição de um
campo magnético externo para direcionamento ativo à região tumoral.
Métodos: Para o processo de magnetofecção, foi construído um eletroímã
resistivo capaz de gerar um campo magnético variável e uma geometria dos
pólos capaz de gerar um gradiente de campo magnético. Diversos testes
prévios in vitro das NOF-Rhod com tamanho hidrodinâmico de 50nm foram
realizados para se verificar o transporte e acúmulo em locais específicos. Para
os estudos in vivo, padronizou-se o modelo experimental de glioma induzido
em ratos machos Wistar por células C6. Para o processo de magnetofecção, o
campo magnético nos pólos foi ajustado a 0 T (controle) ou 1,3 T (valor
experimental) e as nanopartículas administradas por 3 vias distintas: via local,
caudal e carótida. Resultados: Inicialmente, demonstramos que as
nanopartículas utilizadas neste estudo são estáveis em meio de cultura DMEM
e também quando dispersas em solução salina ou PBS na concentração de 50
µgFe/mL. A análise da marcação celular por azul de prússia e microscopia de
fluorescência mostrou que as NOF-Rhod são eficientes para este fim em todas
as concentrações utilizadas (1, 10, 30 e 50 ug/mL), sendo o processo
potencializado com o uso de um campo magnético externo. Além disso, o
ensaio de citotoxicidade evidenciou que a morte celular causada por essas
nanopartículas foi pouco evidente. O estudo de volumetria por IRM e histologia
demonstrou que em todas as concentrações o crescimento do tumor foi
evidente e proporcional tanto ao dia de análise quanto à concentração de
célula C6 utilizada (104
, 105 ou 106). Os testes in vitro mostraram que o
acúmulo de nanopartículas foi eficiente em todos os gradientes de campo
magnético utilizados. Entretanto, a adição de um pólo de aço oblíquo formou
gação de nanopartículas mais pontual em dos lados da mangueira
utilizada no teste, sendo este artifício selecionado para o estudo in vivo
subsequente. O monitoramento por IRM foi eficaz na identificação das NOFRhod
na região do tumor após a administração por via local, evidenciando uma
redução importante do sinal. A sensibilidade da IRM, entretanto, não foi capaz
de detectar NOF-Rhod na região do tumor após administração via caudal ou
via carótida, sendo necessários mais estudos para padronização destas vias de
administração. A análise do processo de magnetofecção in vivo por histologia,
no entanto, se mostrou mais sensível que a IRM, evidenciando a presença de
ferro no tumor após aplicação das NOF-Rhod pelas três vias utilizadas (local,
caudal e carótida). Além disso, quando a administração foi feita via caudal, o
campo magnético externo utilizado para direcionamento foi capaz de otimizar a
agregação destas nanopartículas na região do tumor. Conclusão: Tomados
em conjunto, nossos resultados in vitro e in vivo demonstraram a eficiência da
utilização do campo magnético no direcionamento magnético das NOF-Rhod,
sendo esta uma promissora ferramenta para futuras aplicações da técnica de
magneto hipertermia.