Esta pesquisa problematiza a avaliação de que o Congresso Nacional, tão somente, chancela os tratados celebrados pelo Executivo, tendo fraca ingerência na política externa brasileira. Toma-se por pressuposto que a política externa sofre interferência não só do sistema internacional, mas também do sistema nacional, inclusive do Legislativo. Para apreender a interferência de ambos os sistemas na política externa, adotam-se duas variáveis: a compatibilidade, que diz respeito à viabilidade do ato internacional com as metas da política externa; e o consenso, que se refere à concordância dos atores domésticos com o tratado. A pesquisa tem por objeto os tratados que foram retirados de tramitação no Congresso, por solicitação do Executivo. Propõe-se, como hipótese, que a retirada de tramitação dos tratados pode decorrer do antagonismo parlamentar. A fim de colocar à prova essa hipótese, configura-se a pesquisa em duas fases. Na primeira etapa, analisam-se as mensagens encaminhadas pelo Executivo ao Congresso, solicitando a retirada de tramitação dos tratados. Conforme o próprio Executivo, o antagonismo parlamentar concorreu para o fracasso de um grupo homogêneo de atos internacionais: os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos – APPRI. Na segunda etapa, realiza-se a análise qualitativo-comparativa sobre os processos decisórios dos APPRI, a fim de compreender como os parlamentares conseguiram frustrar a conclusão desses tratados. Conclui-se que, a despeito das limitações institucionais, o Congresso pode dificultar a conclusão dos tratados e influenciar a política externa brasileira.