A termólise evaporativa é o principal mecanismo de eliminação de calor pelos
animais em ambiente com alta temperatura do ar, que é uma das características da região
semiárida. Dessa forma, o objetivo foi investigar o efeito da termólise evaporativa sobre a
produção de leite em região de baixa latitude. Para isso, foram utilizadas 302 vacas, no
município de Limoeiro do Norte – CE, Brasil. Foram coletados dados do ambiente: temperatura
do ar (tA, ºC), temperatura de bulbo úmido (Tbu, ºC), umidade relativa (UR, %), pressão parcial
de vapor (PV, kPa), velocidade do vento (U, ms-1), temperatura do globo negro ao sol (TG sol,
ºC), à sombra (TG sombra, ºC) e radiação solar (R, Wm-2). Assim, foram calculadas as cargas
térmicas radiantes ao sol (CTR sol, Wm-2) e à sombra (CTR sombra, Wm-2) e a temperatura
radiante média ao sol (TRM, ºC); dados fisiológicos: temperatura da superfície dos pelames preto
(TSN, ºC), branco (TSB, ºC), temperatura retal (TR, ºC), frequência respiratória (FR, movmin-
1.), peso (kg), porcentagem da malha preta (%), sudação (Sud, gm-2s-1) e temperatura do ar
expirado (TEXP, ºC). Posteriormente, foram calculadas as perdas de calor por evaporação na
superfície cutânea (ES, Wm-2) e pela via respiratória (ER, Wm-2); Quanto a produção, foram
registradas as produções diárias das vacas (total), produção no turno da manhã (M) e no turno
da tarde (T), foi calculada a diferença entre os turnos manhã e tarde (ΔP). Os dados foram
analisados por meio de regressões múltiplas das variáveis fisiológicas sobre as variáveis
meteorológicas, das variáveis meteorológicas sobre os dados de produção e das variáveis
fisiológicas sobre os dados de produção, bem como foram realizadas as correlações entre todas
as variáveis estudadas. As médias dos dados ambientais foram: tA=31,8 ±2,4 ºC, UR = 42,45
±7,3%, tG sombra = 35,7 ±2,7ºC, tG sol = 42,1 ±4,7ºC, R= 765 ±229Wm-2; as médias das
variáveis fisiológicas foram: TR=39,3 ±0,54ºC, FR = 60,6 ±18,2 movmin-1, TSN=40,07
±2,73ºC, TSB=36,9 ±2,01ºC, ER=47,86 ±12,15Wm-2 e ES 120,8 ±35,61Wm-2; e as médias das
produções foram: total = 10,8 ±4,19 L/vaca/dia, pela manhã 6,78 ±2,3, à tarde 4,02 ±2,02 L/vaca
e diferença média foi de 2,75 ±1,45 L/vaca/dia. Houve correlação de todas as variáveis
ambientais com as fisiológicas. Quando comparadas às variáveis ambientais a tA apresentou
maior influência sobre as variáveis fisiológicas; variáveis fisiológicas foram correlacionadas
com os dados de produção, a ER apresentou maior correlação com a ΔP. Em conclusão, as
variáveis ambientais; Tmax e ΔT apresentaram influência sobre a diferença entre as ordenhas
M e T. Como consequência do aumento dessas variáveis ocorreu perda na produção leiteira
diária. As vacas Holandês x Zebu apresentaram aumento da FR, ES e ER à medida que a TR
aumentou. Quando esses animais estavam em situação de estresse, segundo índice de estresse
térmico para vacas (ITSC), as variações mais discretas das respostas fisiológicas indicaram
maior equilíbrio entre as produções da manhã e da tarde e, as vacas que apresentaram as
respostas mais acentuadas também apresentaram maiores diferenças entre as produções da
manhã e da tarde. A perda de calor por evaporação respiratória apresentou maior efeito sobre a
diferença entre as ordenhas da manhã e da tarde, o que indica inadequação, à região de baixa
latitude, das vacas que apresentaram grande variação na taxa de evaporação respiratória,
resultando assim, uma maior perda leiteira diária.