O presente trabalho é uma busca de entendimento do processo de construção da
metodologia chamada Teatro do Oprimido, hoje uma das metodologias teatrais mais
utilizadas no mundo. Para tanto, procura-se perfazer a sua genealogia estudando suas
fontes e buscando entender o processo e os procedimentos teóricos e práticos que foram
sendo criados, debatidos, descartados, aproveitados, transformados. Busca-se, assim,
discutir o percurso histórico de Augusto Boal, o sistematizador dessa metodogia
(enquanto maneira de proceder), não de forma biográfica, mas sim, paralela-transversal,
pontuando as histórias e as impregnações vivenciadas por ele e por seus parceiros
diretos e indiretos desde sua introdução na arte teatral nos anos 50 no Brasil,
principalmente via o Teatro Experimental do Negro. Este trabalho visa contextualizar
esse momento, focando na etapa na qual Boal viveu nos Estados Unidos, em que teve
não apenas sua “formação acadêmica” na Columbia University, como também
vivências igualmente importantes para a sua formação, com Langston Hughes, no
Harlem, nos Teatros Broadway e off-Broadway e Actors Studio. Este período termina
com a direção de sua primeira peça. Na sequencia do trabalho, enfoca-se o retorno de
Boal ao Brasil e sua relação com todo o contexto do debate estético e político da época:
Arena, divergências com PCB, outras correntes de esquerda, naturalismo, realismo,
Teatro Político, Popular, Épico, guerrilha. Analisa-se, assim, a primeira proposta de
uma técnica do Teatro do Oprimido, o Teatro-Jornal. Procura-se compreender como foi
possível esse processo, discutindo quais influências teóricas que ajudaram Boal a
formar sua proposta: a estética marxista – Brecht, Lukács, Benjamin – e os latinos; o
debate do nacional popular, Abdias Nascimento, Antonio Candido e Roberto Schwarz.
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