Introdução: A primeira seleção nacional de enfermeiros para postos públicos de trabalho por meio de concursos do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) ocorreu em 1941, durante o Estado Novo. Estudá-la pode ajudar a compreender como o princípio do mérito foi vivenciado pela Enfermagem à época. Objetivo:Descrever e analisar o resultado do primeiro concurso público para enfermeiros em nível nacional organizado e executado pelo DASP durante o Estado Novo. Método: Estudo histórico-documental descritivo, de abordagem quantitativa, que utilizou, como fonte direta principal, Diários Oficiais da União coletados na plataforma eletrônica Jurisprudência Brasil e que tiveram sua autenticidade comprovada após impressão e certificação emitida pelo Arquivo Nacional. Utilizou-se, ainda,outras fontes documentais, conseguidas por meio de consulta presencial ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas e também ao Arquivo Nacional. Resultados: Três foram as portarias que regulamentaram o primeiro concurso: duas de ordem geral - a nº 661 e nº 1.411, e uma de ordem especial - nº 1.360. Destacaram-se as instruções normativas específicas contidas na portaria de ordem especial, distribuídas em três capítulos: I- Das Condições; II- Das Provas; e III- Do Julgamento. Inscreveram-se, no processo seletivo, 155 enfermeiros entre 21 e 35 anos, dos quais 141 (91%) eram do sexo feminino. 140 candidatos prestaram a prova prática de seleção, em que foram aprovados 120, com média de desempenho de 71,1%. Dos 120 candidatos selecionados, 116 prestaram a prova escrita de habilitação, cuja média de desempenho foi de 57,1 pontos. Ao fim do concurso, 107 candidatos foram aprovados, 91 (85%) dos quais submeteram-se à prova facultativa de títulos, sendo que 74 (69,1%) eram interinos do serviço público, 59 (55,1%) eram egressos da Escola de Enfermagem Anna Nery e dez, entre os 20 primeiros aprovados, tiveram participação posterior junto à Associação Brasileira de Enfermagem.Conclusão: O certame analisado legitimou a inserção da cultura do mérito no processo de recrutamento de recursos humanos na Enfermagem brasileira porque boa parte dos cargos públicos para enfermeiros, no Estado Novo, passou a ser preenchida por meio de concursos públicos efetuados pelo Departamento Administrativo do Serviço Público, sustentados por rigorosa estrutura normativa, traduzida em critérios de seleção minuciosamente descritos. Percebeu-se, ainda, que, houve mitigação de critérios isonômicos, sobretudo por conta da atribuição de notas com perfil diferenciado entre as modalidades de provas, ocorrendo elevado índice de aprovação dos candidatos que já estavam inseridos no serviço público.