O objetivo do trabalho foi analisar as características biológicas do Goyazana castelnaui e avaliar se a pluviometria e temperatura da água influenciam na distribuição e características reprodutivas da espécie. A coleta dos indivíduos foi realizada mensalmente, entre setembro de 2014 e agosto de 2015, em um trecho do rio Pajeú, no município de Floresta/PE, entre as coordenadas geográficas: 08º36’02”S e 38º34’05”W. A captura dos indivíduos foi realizada no período noturno com auxílio de covos, peneiras e puçás com abertura de malha de 12 mm entre nós opostos, além de coleta manual utilizando-se fachos de luz. Os exemplares coletados foram crioanestesiados por 20 minutos ou até sua imobilização a uma temperatura de -10ºC, em seguida identificados e sexados. De cada exemplar coletado foi mensurado com paquímetro (precisão de 0,01 mm), a largura da carapaça (LC), comprimento da carapaça (CC), Largura do 4º e 5º segmento abdominal, Comprimento da quela (direita) (CQ), largura da quela (direita) (LQ) e peso (P) em balança (precisão de 0,001). Posteriormente, a região dorsal da carapaça de cada indivíduo foi removida, para exposição do aparelho reprodutor, que foi dissecado e em seguida, as regiões dos tergitos (região dorsal), esternitos (região ventral) e as gônadas foram fotodocumentadas e observados quanto as características macroscópica (textura, coloração e espaço ocupado na cavidade cefalotorácica) e microscópica (composição e grau de desenvolvimento das células germinativas). Ao longo do período amostral foram coletados 87 indivíduos, sendo 56 fêmeas (64,37%) e 31 machos (35,63%). A proporção sexual foi de 1♀:0,6♂ ao longo dos meses. Os aspectos reprodutivos do G. castelnaui foram determinados com base na análise macroscópica das estruturas externas e internas e microscópica, através da observação do grau de desenvolvimento das células germinativas. A observação macroscópica permitiu classificar os espécimes em sete estágios. Nos indivíduos jovens a cor dos tergitos variou de cinza a marrom, os esternitos variaram em tons de bege. Os indivíduos adultos apresentaram coloração vinho predominante. Para as fêmeas a observação microscópica permitiu classificar as gônadas em cinco estágios que seguem: Rudimentar (branco opaco), em maturação inicial (bege claro), em maturação (bege escuro a laranja claro), maturo (laranja escuro), desovado em maturação (transparente e/ou cinza). Foram identificados quatro estágios de desenvolvimento celular: oogônias (diâmetro de 32,9 ± 9,8 µm), oócitos pré-vitelogênicos I (96,8 ± 23,1 µm), oócitos pré-vitelogênicos II (272,1 ± 12,7 µm), oócitos vitelogênicos (400,1 ± 12,1 µm), oócitos maturos (884,4 ± 14,0 µm) e oócitos atrésicos. Quanto aos componentes não germinativos foram identificados: células foliculares, vasos hemais, parede gônadal, vagina e o receptáculo seminal. Para os machos as células germinativas foram classificadas, em ordem de maturação, como espermatogônias (diâmetro: 18,15 ± 1,77 μm), espermatócitos (diâmetro: 14,4 ± 1,39 μm), espermátides (diâmetro: 8,83 ± 0,55 μm) e espermatozoides (diâmetro: 7,58 ± 0,55 μm). A análise macroscópica (coloração, volume e formato) e microscópica (presença de espermatóforos no vaso deferente posterior e ductos) permitiu classificar quatro estágios de desenvolvimento gonadal. I- Rudimentar/Imaturo; II – Em maturação/Maturo I; III – Maturo/Maturo II; IV – Esgotado/Desovado. O período reprodutivo do G. castelnaui foi classificado como sazonal, sendo observadas fêmeas maturas em um período prolongado, de agosto até fevereiro, com maior frequência entre setembro e dezembro. O início do período chuvoso (novembro) é o gatilho para diminuição das desovas. O aumento da temperatura em agosto coincide com o inicio do período de desova, com término em fevereiro, havendo fortes indícios de a espécie estudada tem preferência para desovar no
verão. As fêmeas apresentaram maturidade morfológica com LC50 de 3,17 cm (R² = 83,20). Já a maturidade gonadal ocorreu em tamanho inferior, com LC50 de 2,84 cm (R² = 83,29). Para os machos, observou-se a mesma tendência, em que a maturidade morfológica ocorreu quando os indivíduos possuíam um LC50 de 3,0 (R² = 76,19) e 2,84 cm (R² = 83,00), morfológico e gonadal, respectivamente. A maturação final para as fêmeas e os machos ocorreu com LC99 de 3,85 cm (R² = 83,20) e 3,65 cm (R² = 76,19), respectivamente. Já a maturidade gonadal final ocorreu primeiro que a morfológica, onde os valores de LC99, obtidos para ambos os sexos foram de 3,51 cm (R² = 83,29) e 3,52 cm (R² = 83,00), respectivamente. No presente trabalho, todas as características do período reprodutivo do G. castelnaui puderam ser elucidadas, com forte indicativo de que não há segregação da espécie estudada, uma vez que, todos os estágios maturacionais foram encontrados.