Com o objetivo de avaliar a inclusão da silagem de bagaço de uva (SBU) em substituição à silagem de sorgo (SS) na alimentação de cordeiros, foram formuladas quatro dietas isoproteicas (160,46 ± 0,21 g kg-1MS de PB) e isoenergeticas (674,85 ± 5,23 g kg-1 MS de NDT), contendo 0; 10; 20 e 30% da SBU. O experimento foi desenvolvido nas instalações da Universidade Estadual de Londrina e o bagaço de uva foi adquirido da Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (COROL). O coproduto apresentava 110 g kg-1 de matéria seca (MS) e antes da ensilagem foi desidratado em estufa até que atingisse aproximadamente 300 g kg-1 de MS. Em seguida, o coproduto foi tratado com 5 g kg-1 MN de ureia e armazenado em tambores plásticos utilizados como silo. Para avaliações dos efeitos sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes, comportamento ingestivo e balanço de nitrogênio, utilizou-se delineamento experimental em quadrado latino 4x4. Quatro cordeiros machos, castrados, foram alojados em gaiolas metabólicas contendo cochos para ração, água e suplemento mineral e o alimento foi fornecido duas vezes ao dia. As sobras de alimentos foram pesadas diariamente para ajuste do consumo de ração. O período de coleta de amostras (alimento fornecido, sobras, fezes e urina) compreendeu quatro dias. Em seguida, os animais foram observados a cada 5 minutos, durante 24 horas para avaliação do comportamento. O desempenho produtivo, as características de carcaça e qualidade de carne foram avaliados utilizando-se 24 cordeiros machos, inteiros, sem raça definida, alojados em duplas nas baias, em delineamento em blocos casualisados com 4 rações e 3 repetições (baias). Os animais passaram por adaptação inicial de 21 dias e foram avaliados por 34 dias. As sobras de ração foram pesadas diariamente para ajuste do consumo e as amostras de alimento fornecido e sobras foram coletadas semanalmente. Os animais foram pesados a cada 15 dias e ao atingirem 33,9 ± 0,55 kg foram abatidos após jejum de 16 horas. Após resfriamento, foram mensurados os peso das meias carcaças esquerda e retiradas amostras do músculo Longissimus dorsi para avaliação da qualidade de carne. Os resultados foram submetidos a análise de variância e regressão (α=0,05). Houve variações apenas no consumo de extrato etéreo (EE) que apresentou comportamento linear crescente conforme a inclusão de SBU. As dietas não diferiram quanto aos coeficientes de digestibilidade (MS: 67,55%, MO: 69,61%, PB: 69,64%, EE: 87,07%, FDN: 62,19%, CHOT: 65,83%, CNF: 74,73%) e balanço de nitrogênio, que apresentou retenção de nitrogênio de 239,78 g kg-1 de N ingerido. Quanto ao comportamento dos animais, as diferentes inclusões de SBU, influenciaram de forma quadrática (Pmáx: 17,73% de SBU), o tempo de permanência dos animais em ócio de pé. Não houve influência das dietas sobre os valores médios de ganho de peso diário (0,235 kg dia-1), conversão alimentar (4299,2 g kg-1 PV), rendimento de carcaça fria (42,9 kg 100 kg-1 de carcaça), perda por resfriamento (4,3 kg 100 kg-1 de carcaça), comprimento de carcaça (58,9 cm), índice de compacidade (0,25 kg cm-1), espessura de gordura (1,51 mm), área de olho de lombo (13,9 cm2), pH (5,79), oxidação lipídica (0,34 mg TBA kg-1), umidade (74,05 g 100g-1 de MN) e proteína bruta (19,94 g 100g-1 de MS). A adição da silagem de bagaço de uva em substituição a silagem de sorgo pode ser feita em até 30%, em dietas para cordeiros contendo 55% de volumoso, sem acarretar prejuízos ao consumo, digestibilidade dos nutrientes, balanço de nitrogênio, comportamento ingestivo, desempenho e qualidade de carne e carcaça.