Os mamíferos marinhos são considerados sentinelas ambientais e refletem
mudanças de pequena a larga escala. Diversas doenças têm acometido os cetáceos
nas últimas décadas, incluindo infecção por agentes patogênicos de origem no
ambiente terrestre. O aumento de enfermidades nestes animais se deve
principalmente pela imunossupressão induzida por contaminantes químicos, metaistraço,
doenças crônicas, infecção por Morbillivirus e pelo estresse. Os fatores
estressantes mais comuns que afetam os cetáceos são os impactos gerados pelo
homem e se destacam: interação com embarcações, turismo desordenado,
degradação do habitat e redução dos recursos pesqueiros. No Paraná, há registros
de diversas espécies de cetáceos; com maior ocorrência de Sotalia guianensis,
Tursiops truncatus e Pontoporia blainvillei, respectivamente. O objetivo desse estudo
foi analisar linfonodos e adrenais de espécimes de cetáceos do litoral do Paraná e
relacionar os achados com o estado de saúde. Foram analisados 16 espécimes,
identificados em 3 espécies (Sotalia guianensis, Tursiops truncatus e Stenella
longirostris). Doze animais apresentaram algum sinal característico de morte por
asfixia, induzida por captura acidental em redes de pesca. Os principais achados
histológicos foram depleção linfoide (14) e necrose caseosa (11) em linfonodos,
congestão (9) e hemorragia (2) das adrenais, broncopneumonia intersticial crônica
(12), parasitose pulmonar (10) e angiomatose em linfonodo e/ou pulmão (10). Na
imunoistoquímica, houve marcação moderada de células linfoides em apoptose na
maior parte dos linfonodos analisados (10) e três animais foram positivos para
Morbillivirus. A média das áreas totais, corticais e medulares das adrenais foi de
0,915 cm², 0,623 cm² e 0,292 cm² e as médias das razões área total/área cortical,
área total/área medular e área cortical/área medular foram 1,48; 3,33 e 2,33;
respectivamente. O escore médio de marcação para caspase-3 em linfonodos foi
1,91. Observou-se que animais com maior escore de apoptose apresentaram
aumento significativo da área total e cortical das adrenais. Os resultados indicam
aumento de volume das adrenais dos cetáceos com consequente impacto no estado
imune dos animais. Informações sobre o estado de saúde dos animais e as
condições do ambiente em que estão inseridos são fundamentais para conduzir
ações que promovam a conservação de ambos.