A Primavera Árabe, conhecida pelas mobilizações populares em favor da mudança do status
quo político no Oriente Médio e Norte da África, ofereceu novas perspectivas e diagnósticos
sobre o futuro político na região. O fenômeno político, ao atingir as áreas geopolíticas do
Oriente Médio, adquire diferentes trajetórias de mobilização social e alterações do status quo
doméstico. No Golfo Pérsico, região caracterizada politicamente pela existência de
monarquias sunitas, a Primavera Árabe gerou maiores mobilizações no Bahrein, cuja
conjuntura política doméstica é marcada pela disputa entre sunitas e xiitas.
Consequentemente, tal sectarismo ofereceu um efeito desestabilizador ao status quo
monárquico no Golfo Pérsico. A mobilização de contenção das elites políticas monárquicas se
deu através do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), cujos Estados membros são Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Bahrein, Omã e Kuwait. Houve uma intervenção
militar no Bahrein que suprimiu, pela via da coerção, os movimentos contestatórios. Esse
trabalho argumenta que a eficiência do Conselho de Cooperação do Golfo na contenção dos
movimentos contestatórios no Bahrein se dá, primeiro, pela preocupação política diante da
ameaça ideológica xiita iraniana, que deslegitima a monarquia sunita no Golfo. Essa
preocupação leva os Estados a cooperarem e coordenarem políticas mais profundas no âmbito
da organização internacional, dada a externalidade comum a ser contida. Segundo, o Conselho
de Cooperação do Golfo apresenta-se como um arcabouço institucional bem consolidado,
caracterizado por arenas de negociação estáveis e contínuas e capacitado na produção de
informação e assimilação de diversidade institucional. Tais características oferecem eficiência
na coordenação política em diversas arenas de negociação, mas, principalmente, em questões
securitárias voltadas para a manutenção do status quo. Nesse sentido, o Conselho de
Cooperação do Golfo é uma variável importante para explicar a contenção dos movimentos
contestatórios no Golfo Pérsico e provedor de políticas conservadoras, geridas coletivamente
pelos seus Estados membros e capaz de manter autocracias. Para a realização da pesquisa,
fizemos vasta revisão de literatura, utilizando-nos de artigos e livros, dados secundários
oriundos de bibliografias especializadas e sites oficiais do Conselho de Cooperação do Golfo
e de outras instituições internacionais. Para melhor visualização dos dados, empregou-se o
Software MapViewer 7.0, voltado para a geração de mapas temáticos.