O uso da diversidade em coleções de germoplasma de feijoeiro, pode prover materiais
capacitados a um melhor aproveitamento da fixação biológica de nitrogênio (FBN) na cultura
do feijão. O objetivo deste trabalho foi identificar genótipos de feijoeiro, de origem
mesoamericana e andina, provenientes do banco de germoplasma da Embrapa Arroz e Feijão,
com potencial de obtenção de N atmosférico a partir da inoculação com rizóbios,
identificando possíveis genitores no melhoramento da planta voltado para aumento da
contribuição do N de origem simbiótica. A avaliação consistiu em duas triagens de materiais a
partir de 879 genótipos mesoamericanos e andinos de feijoeiro em casa de vegetação. Em
seguida foram avaliados 15 destes genótipos, além de duas cultivares comerciais, em
condições de campo, em cinco experimentos, em três regiões do Brasil. Em casa de vegetação
foram conduzidos experimentos em potes de 3 L com areia e vermiculita autoclavadas com
três repetições, em duas fases: na primeira fase foram avaliados 879 genótipos resposta à
inoculação com rizóbio das estirpes comerciais SEMIA 4077, SEMIA 4080 e SEMIA 4088
de Rhizobium tropici, e na segunda fase foram avaliados novamente os 116 genótipos mais
nodulantes. A cultivar Ouro Negro foi utilizada como genótipo de referência. Aos 35 DAE
foram realizadas coletas para determinação da nodulação. As avaliações de campo consitiram
de três experimentos na região Centro-Oeste, um na região Sul e um na região Sudeste do
Brasil. Os 15 genótipos selecionados em casa de vegetação, e as cultivares comerciais Pérola
e Ouro Negro, foram avaliados sob duas fontes de N, inoculação das sementes com
Rhizobium tropici ou aplicação de 80 kg ha-1
de N mineral. Foram avaliados nodulação,
biomassa, produtividade, teores de N-ureídos na seiva, contribuição da FBN via abundância
natural de 15N e diversidade de ocupação de nódulos via BOX-PCR. Após a primeira fase de
avaliação em casa de vegetação, verificou-se que 21% dos genótipos superaram Ouro Negro
em número de nódulos (NN), 46% em massa seca de nódulos (MSN) e 32% em massa seca de
um nódulo (MSRN). Após novo experimeno com os 116 genótipos mais nodulantes, 15
genótipos foram selecionados para experimentos de campo. Nas avaliações no campo houve
diferenças de comportamento entre os genótipos e de gentótipos em relação à região
geográfica. Todos os genótipos nodularam, mesmo nos tratamentos que receberam N mineral.
Os genótipos andinos mais eficientes em obter N atmosférico foram CNF 0011234 e CNF
0011559, com cerca de 40% de FBN. Os genótipos mesoamericanos foram mais eficientes em
fixar N2, cujos melhores foram CNF 0011228 e CNF 0011086, com quase 70% de FBN.