Estudos demonstram que pesquisas envolvendo produtos naturais dotados de possível atividade diurética estão em ascensão nas ultimas décadas. No Brasil, destacam-se a Cuphea carthagenensis (CC), Phyllanthus tenellus (PT), e a Echinodorus grandiflorus (EG), entretanto inexistem dados etnofarmacológicos que justifiquem seu maciço uso popular. O objetivo geral deste estudo foi avaliar as atividades diuréticas do sobrenadante etanólico do infuso (SEI) destas três espécies em ratos. Inicialmente, verificamos os possíveis efeitos do SEI (30, 100 e 300 mg/kg), obtidos destas três espécies, em experimentos de diurese aguda. Após 1-8 h, o volume urinário foi determinado. Foram mensurados alguns eletrólitos (Na+, K+, Cl- e HCO3-), além do pH e densidade. A atividade antioxidante in vitro foi verificada através do radical livre DPPH, hemólise induzida por AAPH e dosagem de malondialdeído (MDA).Os metabólitos secundários, também foram estimados por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE-UV). Posteriormente, a atividade diurética prolongada foi avaliada com a espécie mais promissora. Os procedimentos foram os mesmos descritos anteriormente, porém a urina foi coletada diariamente por sete dias. As concentrações plasmáticas de eletrólitos, uréia, creatinina, aldosterona e enzima conversora da angiotensina foram determinadas no sétimo dia. Os efeitos do SEI na pressão arterial média (PAM) de ratos normotensos e com hipertensão renovascular (2K1C) foram também verificados. Após anestesia com cetamina/xilazina (100/20 mg/kg; i.m.) os animais receberam uma incisão no duodeno para administração do SEI e tiveram um cateter de polietileno introduzido na artéria carotídea para o registro da PAM. O envolvimento do óxido nítrico, bradicinina, prostaglandinas ou acetilcolina na atividade diurética aguda, nos efeitos hipotensores ou anti-hipertensivos também foram investigados. A atividade antioxidante ex vivo foi verificada através da determinação plasmática do nitrito e das espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). Todos os procedimentos foram aprovados pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo experimentação animal da UNIPAR. Os resultados obtidos mostraram que após 8 h da administração do SEI-CC e SEI-PT o volume urinário e a concentração de eletrólitos não se mostraram alterados. A administração do SEI-EG (300 mg/kg) produziu um expressivo aumento do volume urinário e da excreção renal de sódio. Os três extratos foram capazes de inibir a formação do DPPH e a hemólise por AAPH, porém somente o SEI-EG manteve baixos os níveis de MDA, tornando-o assim, a espécie mais promissora. Nos tratamentosprolongados (sete dias) o volume e as concentrações urinárias de Na+ permaneceram significativamente aumentados do 2º até o 7º dia. O efeito natriurético induzido pelo SEI-EG foi substancialmente reduzido pelo HOE- 140, indometacina, L-NAME ou atropina (~50%). Todos os outros parâmetros urinários e plasmáticos não foram afetados. O valor da PAM basal nos animais normotensos, registrados antes da administração de qualquer substância foi de 105 ± 5 mm Hg, enquanto nos animais 2K1C foi de 148 ± 9 mm Hg. A administração intraduodenal do SEI-EG (300 mg/kg) reduziu a PAM em ratos normotensos anestesiados em 7,8 ± 0,5 mm Hg enquanto em animais 2K1C os valores reduzidos para 14,0 ± 1,0 mm Hg. Os efeitos hipotensores a anti-hipertensivos induzidos pelo SEI-EG (300 mg/kg) também foram substancialmente reduzidos após a administração L-NAME, indometacina, HOE-140 ou atropina. Corroborando com os dados apresentados, o SEI-EG elevou significativamente os níveis plasmáticos de nitrito e reduziu a produção de TBARS. Desta forma, os resultados explicitados neste trabalho mostram que o SEI obtido de do E. grandiflorus apresenta importantes efeitos diuréticos, hipotensores e anti-hipertensivos. Análises fitoquímicas realizadas mostram que os elevados níveis de diterpenos clerodanos identificados nesta espécie podem ter contribuído com esta resposta. Evidências sugerem que estes efeitos podem ser dependentes da liberação de prostanóides e óxido nítrico endotelial via receptores B2 de bradicinina e muscarínicos M3.