A pesquisa pretende elaborar, aplicar, refletir a partir de dados coletados, debater e apontar
hipóteses sobre os resultados de uma prática educativa, como apresentada em Ribeiro e Soares
(2007), pertinente à conjuntura social e tecnológica em que nos encontramos, caracterizada pela
geração de milhões de informações em tempo ínfimo e amplamente divulgadas através da
Internet e das demais mídias, como vemos em Araújo (2009) e Ferreira (2009). Utilizando os
pressupostos do Método de Projetos de Kilpatrick (1918), alinhados às etapas da pesquisa
científica como princípio educativo postulada por Demo (2001), investiga-se se essa prática
poderia ser considerada promotora da interdisciplinaridade e da autogestão do conhecimento
pelos alunos, porque seriam concepções capazes de articulá-los à produção de conhecimento
contemporânea. A noção de interdisciplinaridade teve como referência os estudos de Ivani
Catarina Fazenda (2011) e Morin (2011): uma nova atuação do educando frente ao
conhecimento, construída sem enfatizar o recorte das disciplinas escolares e que pode gerar
novas organizações dos saberes constituídos pela humanidade. Por autogestão do conhecimento
entende-se, a capacidade de qualquer indivíduo conseguir traçar estratégias para obter o saber
desejado e articulá-lo aos que já possui, de forma consciente e estruturada. A busca pelo saber
e sua organização podem ser expressadas de diferentes formas, uma delas seria a formação de
um ambiente pessoal de aprendizagem, encontrado em Johnson et Als (2012), e a outra, a
partilha do conhecimento discutida por Sennett (2012). A presente pesquisa qualitativa, foi
desenvolvida na forma de pesquisa-ação, “uma intervenção em pequena escala no mundo real
e um exame muito mais de perto dos efeitos dessa intervenção” (MOREIRA e CALLEFE, 2008,
p.89-90). O trabalho está divido em três partes: formulação da prática educativa “Projeto querer,
tecer, saber”; execução dessa prática em unidade escolar; apresentação dos resultados obtidos
em campo através de análise de conteúdo (BARDIN, 1977) das respostas de questionários
aplicados aos participantes da pesquisa ao seu início e término. As categorias apreendidas a
partir dessa análise demonstraram as possíveis relações entre trabalho de projeto,
interdisciplinaridade e autogestão do conhecimento, a uma relação mais próxima dos alunos
participantes do projeto com o conhecimento escolar, conhecimento científico e conhecimento
cotidiano rastreados pela pesquisa. Os resultados apontam que a prática aplicada pelo estudo,
desenvolveu as relações esperadas no início da pesquisa, e que pode ser replicada em outras
realidades escolares, inclusive como uma possível estratégia para implementação de uma
Educação em Tempo Integral. O contexto da pesquisa verificou como a dificuldade com o uso
da Internet e a manutenção da assiduidade dos alunos em um projeto facultativo, foram os
maiores desafios encontrados para realização do estudo.