Objetivos: 1) Verificar o valor preditivo da dopplervelocimetria das artérias
uterinas e dos biomarcadores PAPP-A e PlGF, entre 11 e 14 semanas, para o
subsequente desenvolvimento de pré-eclâmpsia (PE). 2) Testar o algoritmo
de predição de PE no primeiro trimestre, da Fetal Medicine Foundation
(FMF), que integra características clínicas maternas, pressão arterial média
(PAM), doppler das artérias uterinas e marcadores séricos, em população
brasileira. Método: Estudo prospectivo observacional. Foram recrutadas 701
pacientes por ocasião da ultrassonografia morfológica fetal, realizada entre
11 e 14 semanas, das quais 84 foram excluídas, resultando em amostra final
formada por 617 gestantes. Em todas elas foram apurados os dados clínicos e
antropométricos, a PAM, o índice de pulsatilidade médio (IP médio) das
artérias uterinas e a concentração dos biomarcadores PAPP-A e PlGF. As
variáveis biofísicas e bioquímicas foram inseridas no programa da FMF e
convertidas em múltiplos da mediana. Foram calculados os riscos para PE
para cada participante. Grupos da doença foram formados de acordo com a
idade gestacional em que se deu parto. Grupo 1(n=7); parto antes de 34
semanas. Grupo 2 (n=18); parto antes de 37 semanas (inclui as gestantes do
grupo 1 somadas aquelas com parto entre 34 e 37 semanas). Grupo 3 (n=34);
parto antes de 42 semanas (inclui as gestantes do grupo 2 somadas aquelas
com parto com 37 ou mais semanas). Grupo controle (sem distúrbio
hipertensivo), formado por 517 gestantes. Resultados: O IP médio MoM, a
PAPP-A MoM e o PlGF MoM tiveram o mesmo desempenho - 28,6%, na
identificação das pacientes do grupo 1, para falso positivo (FP) de 10%. O
desempenho dos marcadores no grupo 2 correspondeu a 22,2%, 16,7% e
38,9%, respectivamente (FP 10%). A sensibilidade obtida no grupo 3
correspondeu a 20,6%, 11,8% e 26,5%, respectivamente (FP 10%). A melhor
combinação de marcadores para identificação das pacientes do grupo 1, é
dada por IP médio MoM e PAPP-A MoM (AUC = 0,757), com sensibilidade
de 42,9% (FP 10%). Para os grupos 2 e 3, a melhor combinação é
representada por IP médio MoM, PAPP-A MoM e PlGF MoM (AUC =
0,711 e 0,682, respectivamente), com sensibilidade de 38,9% e 35,3%,
respectivamente (FP 10%). Por meio do algoritmo da FMF, identificou-se
85,7%, 66,7% e 52,9% das pacientes dos grupos 1, 2 e 3, respectivamente
(FP 10%). Conclusões: O IP médio e os marcadores bioquímicos PAPP-A e
PlGF (isolados ou combinados), entre 11 e 14 semanas, têm desempenho
modesto quanto à predição de PE. O desempenho preditivo alcançado ao
utilizar o programa da FMF é expressivo, sobretudo para as formas precoces
da doença, comparável ao relatado na população original.