Introdução: O câncer de mama é o agravo que mais acomete mulheres em
todo o mundo. No Brasil, mesmo com políticas de saúde públicas instituídas, o
diagnóstico dessa neoplasia tem acontecido em estágios avançados,
acarretando taxas de mortalidade elevadas. Portando, a detecção precoce é
fundamental para a melhora desses indicadores, sendo a Atenção Básica o
local primordial para a realização dessa ação. Entre os profissionais, o
enfermeiro tem papel de destaque nas atividades de controle da doença.
Objetivo: Identificar a implementação das ações de rastreamento oportunístico
do câncer de mama, propostas pelo Ministério da Saúde, por enfermeiros de
Unidades Básicas de Saúde de Diadema-SP. Método: Estudo quantitativo
observacional, de corte transversal, cuja população foi constituída por 70
enfermeiros que atuavam na Estratégia Saúde da Família, e que aceitaram
participar do estudo, respondendo a um questionário. Os dados foram
analisados por meio de análises descritivas e inferenciais, utilizando o teste de
associação pelo Qui-quadrado ou Teste Exato de Fischer. Resultados: 91,4%
dos enfermeiros são Especialistas, principalmente na área de Saúde Pública;
44,3% participaram de capacitação sobre as ações para o câncer de mama e
57,1% e 28,6% referiram ter, em sua Unidade, o Caderno de Atenção Básica
número 13 e o Documento Consenso, respectivamente. Todos os entrevistados
referiram realizar a investigação de fatores de risco para a doença, sendo que
84,3% citaram a história de câncer de mama pessoal ou na família como sendo
o fator mais reconhecido. Em relação ao ECM, 97,1% referiram realizá-la e,
47,1% e 41,4%, respectivamente, acreditavam não ter um intervalo ou uma
faixa etária estabelecida para realização desse exame, sendo que 76,5%
fizeram-no no momento da coleta de citologia oncótica. Em caso de exame
alterado, 77,9% solicitaram avaliação médica; 88,6% indicaram a realização
anual da MMG e 75,7% orientaram o primeiro exame a partir dos 40 anos;
82,9% fizeram o pedido do exame e destes, 82,8% utilizaram como critério
principal a idade da mulher. Aqueles que não solicitaram o exame, justificaram
não ser de sua competência profissional. A busca ativa de mulheres que
faltaram à MMG, com suspeita de malignidade e com encaminhamento à
Unidade de Referência foi executada por 31,4%, 64,3% e 37,1% dos
entrevistados, respectivamente. Desses, 94,3% orientaram as mulheres quanto
ao AEM, sendo que 80,3% deles o fizeram durante a coleta de citologia
oncótica; 42,4% consideraram que não existe qualquer determinação quanto à
faixa etária para a realização desse exame e 77,3% informaram que o mesmo
deve ser mensal. A promoção de reuniões educativas sobre o câncer de mama
foi confirmada por 52,9% dos profissionais. Quanto à consulta de enfermagem,
todos realizaram e 57,6% referiram terem de 10 a 20 atendimentos agendados
por dia. Quanto ao uso dos sistemas informatizados e aos dados gerados, os
enfermeiros apontaram que o único Sistema presente em todas as Unidades foi
o SIAB. Entre aqueles que não utilizaram, 62,5% informaram planejar suas
ações pela demanda de atendimento. No que diz respeito aos entraves, 54,3%
referiram ter dificuldades para realizar ECM e, dentre estes, 53,1% destacaram
a falta de tempo; 55,7% afirmaram apresentar dificuldades para solicitar MMG,
sendo que 59% reportaram-se ao agendamento do exame. Já o obstáculo mais
frequente em todos os sistemas informatizados foi a falta de capacitação dos
profissionais. Finalmente, quanto às associações, o número de consultas não
apresentou significância estatística com a realização de atividade educativa.
Entretanto, a falta de capacitação dos enfermeiros é um fator dificultador para o
desenvolvimento desta ação. Conclusão: Existem algumas não conformidades
entre as ações propostas pelo Ministério da Saúde para serem desenvolvidas
pelos enfermeiros no rastreamento oportunístico do câncer de mama e as
executadas nas UBSs estudadas. Portanto, é fundamental que o município de
Diadema invista na qualificação dos profissionais e na avaliação e
reestruturação do processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família.