Introdução: A não adesão (NA) a terapia medicamentosa é um problema prevalente entre receptores de transplante cardíaco. O objetivo deste estudo é descrever e comparar a prevalência de NA aos imunossupressores e demais medicamentos em 11 países e 4 continentes, utilizando os dados reportados ao estudo BRIGHT. Métodos: Esta foi uma análise preliminar secundária do BRIGHT, estudo internacional, multicêntrico, transversal em 27 centros transplantadores em 11 países (Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Itália, Reino Unido e Suíça). 902 receptores de transplante cardíaco adultos entre o primeiro e o quinto ano pós transplante, foram incluídos na análise. NA aos imunossupressores e demais medicamentos foram avaliados utilizando o BAASIS, um instrumento de auto-relato que avalia diferente dimensões da adesão, como: a NA a ingestão do medicamento, horário de ingestão apenas para os IS, “feriado da droga” (omissão de mais de 2 doses consecutivas), redução da dose inadvertidamente e persistência (interromper o uso inadvertidamente). A NA foi avaliada separadamente por dimensão, para os IS, também a taxa global (qualquer indicação de NA nas últimas 4 semanas) e também pelo relatório complementar realizado por clínicos. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva e inferencial. Resultados: As taxas de NA foram: ingestão do medicamento: 16.1% (variando: 4.9% Itália – 26.2% EUA); NA ao horário: 27.3% (variando: 10% Alemanha – 42.9% Austrália); “feriado da droga” 1.6% (variando: 0% Alemanha, Espanha, França, Itália, Suíça– 6.3% Brasil); redução da dose: 1.4% (variando: 0% Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Reino Unido – 4.3% Suíça); não-persistência: 0.6% (variando: 0%-6.3% Brasil); não adesão global: 36.4% (variando: 17.5% Alemanha- 57.1% Austrália). Os demais medicamentos: NA a ingestão do medicamento 20% (variando: 7.5% Alemanha – 32.6% EUA); “feriado da droga” 4.6% (variando: 0% Alemanha – 12.5% Brasil); redução da dose 3.9% (variando: 0% Alemanha e Reino Unido – 12.5% Brasil); não-persistência 2.1% (variando: 0% Alemanha, Brasil, Itália, Suíça e Reino Unido – 5.9% Canadá). Conclusão: A variabilidade observada nas taxas de NA aos imunossupressores e demais medicamentos nos receptores de transplante cardíaco entre os países, sugerem que os fatores relacionados aos sistemas de saúde podem desempenhar um papel importante na explicação da NA dos pacientes (ex. cobertura no custeio dos medicamentos).