RESUMO- A doença de Newcastle, causada por cepas patogênicas de paramixovírus
aviário 1 (APMV-1), é uma doença de aves importante por causar altos índices de
mortalidade e perdas econômicas. Em aves da ordem Columbiformes, vários surtos têm
sido relatados ao longo de 30 anos, em diferentes partes do mundo, causados por uma
cepa denominada pigeon paramyxovirus tipo 1 (PPMV-1). Este trabalho descreve um
surto de mortalidade em pombos domésticos (Columba livia), provenientes de uma
praça pública, no município de Porto Alegre, no Sul do Brasil, ocorrido no mês de
novembro de 2014. Aves moribundas e mortas, no intervalo de cinco semanas, foram
submetidas ao exame de necropsia, exame histopatológico, imuno-histoquímico anti-
Newcastle, de transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RTPCR),
exame de sequenciamento e analise filogenética. Foram acometidas aves adultas,
de ambos os sexos e a mortalidade foi estimada em 80%, os sinais neurológicos
apresentados foram tremores da cabeça, torcicolo, dificuldade em manter-se em estação,
dificuldade de locomoção, paresia, paralisia, asas caídas e vômito. As lesões
encontradas no exame macroscópico eram inespecíficas e no exame histológico do
sistema nervoso central eram caracterizadas por encefalite e encefalomielite não
supurativas. No rim, fígado e pâncreas foi observado infiltrado inflamatório
mononuclear, que por vezes era associado à necrose. No baço, além de necrose, foi
observado depleção linfoide e infiltrado de macrófagos. Das 24 aves testadas para a RTPCR,
seis foram positivas para a proteína da matriz (M) e através do sequenciamento
destas amostras, pode-se identificar que todas as aves foram acometidas pela mesma
cepa viral. Para confirmação de que a cepa encontrada tratava-se de uma cepa virulenta,
foi feita a análise por sequenciamento do sítio de clivagem da proteína F, comparando a
sequência de aminoácidos encontrada, 112RRQKRF117, com outras cepas já conhecidas.
Observou-se que as amostras analisadas apresentaram aminoácidos na região do sítio de
clivagem da proteína F, compatíveis com cepas virulentas. De acordo com a análise
filogenética, o virus foi classificado como pertencente à classe II e ao genótipo VI. Ao
exame imuno-histoquimico, a marcação foi observada no cérebro, no citoplasma de
astrócitos e no núcleo de neurônios; no fígado, associada ao infiltrado inflamatório no interior de macrófagos; em células epiteliais do pâncreas exócrino e no citoplasma de
células epiteliais do rim.