A memória episódica refere-se à capacidade de lembrar quando e onde um determinado evento ocorreu. São poucos modelos comportamentais que acessam simultaneamente os aspectos “o quê”, “onde” e “quando”. Recentemente, Kart-Teke et al. (2006) criaram uma tarefa de reconhecimento de objetos em roedores para o estudo da memória similar à episódica. A tarefa consiste em duas fases de treino e uma de teste, com 5 minutos de exploração. Na primeira fase de treino o rato é colocado em uma arena familiar com quatro objetos idênticos (A), após uma hora o rato é reexposto a outras 4 cópias (B), com duas cópias em locais ocupados anteriormente e duas em novos locais. O teste é realizado 50 minutos depois, com o animal apresentado a dois objetos da primeira e segunda exposição, com um objeto A e B em novas localizações no campo aberto. Espera-se que o objeto antigo não deslocado e o recente deslocado sejam os mais explorados. Dessa forma acessando a memória similar à episódica. Manns e Eichenbaum (2009) adaptaram uma tarefa similar para 10 sessões. Cada sessão com exposição de 4 objetos diferentes (A, B, C e D), sempre colocando após cada sessão de exploração de 3 voltas, os objetos já apresentados em novas posições, e o objeto novo num local anteriormente ocupado. Assim, procurou analisar se um animal poderia produzir mais informações por sessão de teste, garantindo redução do tamanho da amostra. O presente estudo objetivou propor novos modelos de memória similar à episódica a partir dos dois apresentados. O primeiro, uma adaptação do modelo de Kart-Teke et al. para múltiplas sessões, com três fases de treino com apresentação de três conjuntos de objetos (A, B e C), garantindo a produção de mais dados com menos animais. O segundo, uma variação do modelo de Kart-Teke et al. para múltiplas sessões. No terceiro, a tarefa de Kart-Teke et al. com novos intervalos entre as duas fases de treino de 4 horas, e 20 horas entre o treino 2 e o teste, garantindo a separação das etapas de formação da memória e a aplicabilidade para trabalhos farmacológicos. Os resultados mostraram que os animais não conseguiram acessar a memória similar à episódica no primeiro modelo, podendo ser uma interferência da terceira fase de treino. Hipótese confirmada no segundo modelo, onde os animais reconheceram os objetos espacialmente e temporalmente, mas de forma não integrada. No terceiro modelo, os animais não conseguiram acessar a memória similar à episódica. Sugerindo uma redução no intervalo entre o segundo treino e o teste, viabilizando o estudo da memória de longo prazo. Temos dois modelos promissores para o estudo da memória em animais, garantindo num futuro próximo modelos preocupados com redução do número de animais na pesquisa e desenvolvendo estudos farmacológicos dos mecanismos celulares e moleculares da memória similar à episódica.