Os neoplasmas estão entre as afecções de maior importância na medicina humana
e veterinária. Entre as diretrizes terapêuticas mais utilizadas está a administração de
agentes antineoplásicos como a carboplatina, a qual é eficaz no tratamento de
carcinomas, entretanto possui efeitos colaterais, como a mielossupressão e a
liberação excessiva de radicais livres. Nesse contexto, objetivou-se avaliar o balanço
oxidativo de cães submetidos a quimioterapia, assim como a utilização dos extratos
aquosos de Triticum aestivum (trigo) e de Hibiscus rosa-sinensis (HRS) como
adjuvante na terapia antineoplásica com carboplatina em modelo murino. Para
avaliação do balanço oxidativo em caninos foram selecionados oito cães, quatro
com câncer e quatro hígidos, sendo mensurada a atividade da Paraoxanase 1
(PON1) no momento que antecedeu a aplicação do agente antineoplásico (dia 0) e
sete dias após a aplicação (dia 7). Foi constatado que no dia zero os pacientes
oncológicos caninos (G1) apresentaram menor atividade da PON1 do que os cães
do (G2) (p<0,05), além disso, a atividade dessa enzima foi ainda mais comprometida
após a administração de fármacos antineoplásicos (p<0,05), sugerindo a
necessidade de administração de compostos antioxidantes para esses pacientes.
Para avaliar o potencial dos extratos aquosos de trigo e HRS como adjuvantes na
terapia antineoplásica, foram utilizadas 48 ratas, aleatoriamente distribuídas em seis
grupos: G1 - testemunha tratado com solução fisiológica; G2 - controle tratado com
solução fisiológica; G3 - tratado com 100 mg/kg de extrato aquoso de trigo; G4 -
tratado com 400 mg/kg de extrato aquoso de trigo; G5 - tratado com 125mg/kg de
extrato aquoso de HRS; e G6 - tratado com 250mg/kg de extrato aquoso de HRS.
Administrou-se 300 mg/m² de carboplatina por via intraperitoneal no dia 0 nos
grupos G2, G3, G4, G5 e G6, enquanto o G1 recebeu 1mL de solução fisiológica
pela mesma via. Os animais foram tratados diariamente durante 21 dias por
gavagem orogástrica de acordo com seu grupo experimental. Foi coletado sangue
dos animais para realização de hemograma e avaliação dos parâmetros bioquímicos
alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, ureia e creatinina nos dias três, sete e
21, com a avaliação da atividade da Paroxanase 1 no dia três. No dia 21 foi
realizada a eutanásia das ratas e coletado aspirados da medula óssea para
realização do mielograma e fragmentos do rim e do fígado para análise histológica.
Os efeitos adversos da carboplatina foram confirmados pelas alterações observadas
no G2 quando comparado ao G1. Foram observados resultados promissores com relação ao balanço oxidativo no G3, G4, G5 e G6, devido aos animais desse grupo
apresentarem atividade da PON1 superior ao G2 (p<0,05). Os mesmos grupos
apresentaram contagem de leucócitos totais superiores ao G2, sendo
significativamente superior no G4, G5 e G6 no dia 21 (p<0,05). Os mielogramas dos
animais tratados com extratos vegetais não apresentaram as evidentes alterações
de parâmetros que foram observadas no G2 (queda de células eritróides e aumento
de neutrófilos segmentados e promielócitos) (p<0,05), indicando uma compensação
do efeito da carboplatina. Os parâmetros bioquímicos e histopatológicos avaliados
encontravam-se dentro do esperado para espécie em todos os animais. Nas
condições deste estudo, os extratos aquosos de trigo e Hibiscus rosa-sinensis
mostraram-se seguros nas doses utilizadas e uteis no tratamento da
mielossupressão e liberação excessiva de radicais livres induzidas pelo fármaco
carboplatina.