Objetivo: Identificar a presença, frequência e distribuição da população celular em
diferentes formas clínicas (TT, DT, DD, DV e VV) e quadros reacionais (R1 e R2) na
hanseníase. Métodos: Estudo imunoistoquímico realizado em 80 biópsias de pele
[dez para cada forma e reações e dez controles saudáveis (CC)] com os seguintes
marcadores: linfócito T (CD3), linfócito T auxiliar (CD4), linfócito T citotóxico (CD8),
linfócito T regulador (FoxP3), linfócito B (CD20), plasmócitos (CD138), célula
apresentadora de antígenos (CD1a), linfócito NK (CD57), neutrófilo (CD15),
mastócito (CD117), macrófagos M1 e M2 (CD68 e CD163) e eosinófilos (Giemsa).
Foram realizadas dois tipos de análise: a análise qualitativa consistiu da observação
da distribuição das células em todos os constituintes da pele e na análise
quantitativa as células foram contadas em nove campos reticulados para cada
amostra e o número médio de células por campo foi determinado para cada
marcador. Resultados: O número de linfócitos T CD3+, CD4+ e CD8+ é maior na
faixa T que na V e predominam na periferia dos granulomas tuberculóides, enquanto
que, nos virchowianos estão em meio aos histiócitos. O infiltrado linfocitário T que
permeia a camada basal da epiderme tem predomínio de linfócitos CD8+. A
diminuição dos CD4+ foi mais acentuada que de CD8+ nos VV, causando uma
inversão na relação CD4:CD8 de 1,4: 1,0 (TT) para 1: 2,1 (VV). O número de
células FoxP3+ variou pouco entre as formas e foi maior em R1 que R2. Os
macrófagos epitelióides do centro dos granulomas tuberculóides e da R1 são de
fenótipo M1 (CD68+CD163-). Os macrófagos nos DD, DV e VV são do tipo M2. A
maioria dos macrófagos nos R2 é de fenótipo M2 e compõem as lesões préexistentes.
O número de células CD57+ entre as formas não variou. Os linfócitos
CD20+ predominam nos TT. Os plasmócitos predominam nos TT, DV e VV. As
células CD1a+ foram mais numerosas nos controles que nas formas e reações.
Houve diminuição gradual da quantidade de células CD1a+ de TT em direção a VV e
maior nos R1 do que nos R2. O número de mastócitos foi maior nos TT que nos VV.
Os neutrófilos foram significativamente observados apenas nos R2.
O número de eosinófilos foi insignificante em todas as amostras. Conclusão: Todas
as células avaliadas, exceto os eosinófilos, participam da imunopatogênese da
hanseníase. Os linfócitos CD4+ predominam sobre os CD8+ na faixa T. Os CD8+
predominam sobre os CD4+ na faixa V. O infiltrado linfocitário na epiderme é
constituído principalmente por linfócitos TCD8+ e pode ser uma causa de hipocromia
das lesões hansênicas. Os linfócitos T regulatórios podem ter importância na R1.
Células NK são constituintes do processo inflamatório das lesões estabelecidas sem
evidente participação nas reações. Os macrófagos M1 do centro dos granulomas da
faixa tuberculóide explica, em parte, porque os bacilos são raros ou inexistentes no
seu interior, enquanto que nos M2, da faixa virchowiana, são numerosos. A
diminuição das células CD1a+ na doença provavelmente está associada a regulação
negativa da resposta imune na hanseníase.