Introdução: o fechamento do coto apendicular durante a apendicectomia tem sido realizado de diversas maneiras, entretanto, a utilização de clipes de titânio na apendicite aguda complicada ainda não foi avaliada de forma prospectiva. Objetivo: avaliar o tratamento do coto apendicular por meio da aplicação de clipe de titânio na apendicite aguda quanto à exequibilidade, segurança e à frequência de infecção do sítio cirúrgico, por meio das comparações: entre as apendicites agudas complicadas e não complicadas e entre os graus de evolução da afecção. Método: no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2014, 533 pacientes foram submetidos a apendicectomia laparoscópica devido ao diagnóstico clínico de apendicite aguda. Durante a exploração da cavidade abdominal utilizou-se a classificação laparoscópica (Gomes et al. 2012), ou seja: graus 0, 1, 2, 3A, 3B, 4A, 4B e 5. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: apendicite não complicada (graus 0, 1 e 2) e complicada (graus 3A, 3B, 4A, 4B e 5). No pós-operatório, foram excluídos 41 pacientes porque o exame histológico considerou o apêndice vermiforme sem sinais de apendicite. Portanto, a casuística final foi composta por 492 pacientes, sendo que 222 apresentavam formas não complicadas e 270 apresentavam formas complicadas de apendicite aguda. A idade variou de 12 a 75 anos (média 32,1 ± 12,1 anos) e 51,6% eram do gênero feminino. Analise estatística incluiu teste do qui-quadrado e teste exato de Fisher para comparação intergrupos. No cálculo amostral, para uma potência (1-β) de 0,80 e nível de significância de 95% (α=0,05) foi determinada a necessidade de grupos com número mínimo de 26 pacientes. Resultados: o fechamento do coto apendicular com clipe de titânio foi exequível em 454 (92,3%) casos, sendo 95,9% nas formas não complicadas e 89,2% nas formas complicadas (p=0,006). Na presença de necrose da base apendicular (grau 3B) a aplicação do clipe foi exequível somente em 48,1% dos casos, com diferença significativa quando comparado com os demais graus (p≤0,001). Infecção incisional superficial ocorreu em 12 casos (2,6%) e intraperitoneal em 11 casos (2,4%), sendo que 91,6% dos casos de infecção incisional superficial e 90,9% dos casos de infecção de cavidade peritoneal pertenciam ao grupo de formas complicadas de apendicite aguda (p<0,001). A ocorrência de infecção incisional superficial foi significativamente maior quando comparado o grau 3B com os demais graus (excetuando-se o grau 5) e quando foi comparado o grau 5 com o grau 1. Houve maior frequência de infecção intra-abdominal quando comparado o grau 3B com os graus 1, 2 e 3A e quando foram comparados os graus 4A e 5 com o grau 2. Conclusões: o fechamento do coto apendicular com clipe de titânio constitui-se em técnica segura e efetiva, porém não foi possível aplicá-lo em todos os pacientes dos vários graus, com diferença estatística entre eles. A frequência de complicações infecciosas foi maior nas formas complicadas de apendicite aguda. A