Novas teorias ligadas a reabilitação têm surgido com mudança na concepção do objeto da reabilitação, onde se propõem maior ênfase nas relações sociais e de certa forma mostrado que o modelo reducionista está superado. Porém, por mais que alguns profissionais queiram trabalhar olhando o paciente em sua integralidade, a sua formação reducionista, dificulta. Sabe-se que o ser humano vivencia os grupos ao longo do seu desenvolvimento enquanto indivíduo e componente de uma sociedade, que a educação em saúde pode ser favorecida nas trocas e vivências grupais e que, a abordagem grupal, é utilizada, na Terapia Ocupacional, como uma intervenção importante e eficaz na aquisição de novas habilidades, independência, técnica de cuidado e espaço de aprendizado com relação ao processo de saúde-doença. Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram: compreender as mudanças no cotidiano dos participantes dos grupos terapêuticos interdisciplinares de educação em saúde no Ambulatório de Terapia Ocupacional de Terapia da Mão (TOTM) da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia Santos (ISCMS), conhecer de que forma os grupos influenciaram na participação mais ativa no cuidado à saúde e entender a percepção destes com relação a criação de redes de suporte, acolhimento e trocas de experiências dentro do grupo. Trata-se de um estudo retrospectivo e prospectivo, exploratório de natureza qualitativa, realizado com 10 participantes, sendo 05 com síndrome do túnel do carpo e 05 amputados de membro superior, 04 mulheres e 06 homens, frequentadores dos grupos terapêuticos interdisciplinares e de educação em saúde que aconteciam no Ambulatório do TOTM na ISCMS. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: entrevista semi-estruturada; as evoluções dos grupos e os diários de campo escritos pelos alunos de terapia ocupacional e psicologia. A análise dos dados foi realizada seguindo a teoria da análise de conteúdo e encontrou-se 04 categorias e 13 unidades temáticas, sendo respectivamente: tratamento de terapia ocupacional (melhoras dos sintomas, orientações e aspectos emocionais); atendimento em grupo (interação com os pacientes, atividades, novas habilidades e enfrentamento); acolhimento (conversas, desabafos e ajuda mútua); e a última repercussões no cotidiano (adaptações do modo de vida, atividades básicas de vida diária e relações sociais). Como resultado observou-se que as mudanças no cotidiano se deram no desenvolvimento de maior autonomia e independência nas atividades básicas de vida diária, devido a redução dos sintomas e através dos benefícios emocionais, como incentivo, auto-estima e enfrentamento. O grupo influenciou na participação mais ativa no cuidado a saúde, por meio de uma maior compreensão do processo de saúde-doença, na aquisição de novos hábitos de cuidado e ao receber explicações e orientações. Os participantes perceberam o grupo como um espaço para dividir e aprender com o outro e se sentiram acolhidos através das conversas e desabafos. As redes de suporte, através das relações interpessoais, se fortaleceram muito dentro do grupo, porém não se expandiram para além deste. Considerações finais: a intervenção em grupo influenciou de forma satisfatória nas mudanças de rotina e na vida pessoal dos participantes, desta forma sendo considerado um recurso potente para trabalhar com essa população.