O interesse nos recursos pesqueiros está em intensa expansão no Brasil, principalmente na Amazônia, devido sua hidrografia. A espécie Chaetobranchopsis orbicularis, conhecida popularmente como acará tucumã ou acará pérola, é um ciclídeo de médio porte, encontrado em rios de toda bacia amazônica. É um peixe de grande importância ornamental e nos mercados da região e até de cunho exportatório. Uma das principais dificuldades encontradas tanto por criadores, quanto por estes animais em ambientes naturais, se deve as parasitoses, que causam alterações na homeostase orgânica, aumentando a taxa de mortalidade. Nas últimas décadas tem aumentado consideravelmente a relevância dos estudos relacionados com parasitos e outros patógenos de organismos aquáticos, principalmente daqueles hospedeiros com potencial para o cultivo e para a comercialização, face ao aumento significativo destas atividades no Brasil e no mundo. Desta forma, este estudo descreve características morfológicas e histopatológicas de mixosporídios parasitos de C. orbicularis provenientes do Rio Arari, município de Cachoeira do Arari, Marajó, Brasil. Os animais foram necropsiados e analisados em estereomicroscópio, então pequenos fragmentos de órgãos parasitados e/ou com cistos de mixosporídios foram coletados e processados para microscopia de luz comum e microscopia de contraste de interfeência diferencial. Foram realizadas as técnicas histológicas, utilizando as colorações de Hematoxilina-Eosina, Gomori, Ziehl Neelsen e Giemsa. As análises necroscópicas dos espécimes de C. Orbicularis revelaram 100% (50/50) de infecção por Kudoa sp. e Henneguya sp. Os espécimes infectados pelo gênero Kudoa apresentavam macroscopicamente musculatura com características anormais de textura, onde mostrava-se inconsistente e frágil. Durante o processo de necropsia, pôde ser observado um progressivo amolecimento da musculatura, demonstrando um rápido processo enzimático autolítico. A infecção por Henneguya foi observada em brânquias, fígado e vesícula biliar, onde os espécimes apresentaram focos de infecção em pelo menos um dos três ógãos citados.
A partir dos achados descritos neste trabalho, caracterizamos uma infecção por Kudoa sp. e Henneguya sp. em C. orbicularis, nao implicando na demonstraçao de sinais clinicos de doença no peixe ; os achados necroscopicos mostraram danos ao organismo hospedeiro com diversas alterações histopatológicas.