Introdução: A técnica cirúrgica para a ressecção de neoplasias em glândula parótida,
baseada em reparos anatômicos, pouco mudou nestes últimos cento e dois anos.
Apesar das melhorias técnicas, os índices de complicações como paralisias e paresias
pouco decresceram, oscilando entre 10% a 70% em neoplasias benignas e malignas.
Recentemente iniciou-se a monitoração eletrofisiológica do nervo facial como
medida de prevenir estas complicações, diminuindo-se o tempo operatório, sem
alterar a incidência de paresias ou paralisias ou o curso de lesão nervosa já iniciada.
Nos pacientes onde houve a paralisia de ramos do facial após a cirurgia, mesmo com
uso de monitorização, comprovou-se uma evidente queda na qualidade de vida. A
correta identificação e preservação intraoperatória do nervo facial e seus ramos aliado
à técnica cirúrgica adequada podem prevenir e diminuir estas complicações. Os
corantes fluorescentes são estudados desde a década de 80, sendo importante
ferramenta de pesquisa como traçadores neuronais, de regeneração e migração celular
do neurônio. Os corantes da família das cianinas são utilizados para nervos periféricos
em diversas pesquisas experimentais, destes o FastDio destacou-se por ser mais
efetivo, com grande difusão e nenhuma toxicidade. Poucos trabalhos investigaram a
coloração com fluorescência do nervo facial e nenhum a sua utilização durante a
cirurgia de parótida. Objetivo: Avaliar se o método experimental com coloração por
fluorescência do nervo facial facilita a visualização e se traz danos ao nervo facial em
ratos. Método: Método Experimental com 40 ratos Wistar adultos, machos,
randomizados e divididos em 10 ratos controle (Gsem) e 30 ratos com nervo facial
corado com fluorescente (Gcor), submetidos à injeção transdérmica facial direita de
0,1ml SF (Gsem) e de 0,1ml de solução do corante FastDiO® (Gcor) sob anestesia.
Avaliação prévia da função do nervo facial através da leitura das pontuações do
Movimento da Vibrissas (PMV) e do Movimento de Fechamento Palpebral (PFP) por
dois observadores cegados. Feita nova leitura randomizada após dois dias e a seguir
submetidos a cirurgia sob anestesia: localização do tronco do nervo facial e de seus
ramos via retrógrada com ressecção da parótida, cronometrado o tempo (TempoLoc),
utilizando microscópio simples e luz polarizada, feito pontuação da localização do
nervo facial (PLF). Após anestesia feito nova leitura da função do nervo facial (PMV
e PFP) randomizada por observadores independentes. Repetida as leituras nas
semanas 1, 2, 3 e 4. Resultados: A localização do nervo facial foi mais rápida no Grupo com Corante Fluorescente (Gcor) (p=0,001). Houve um índice de 83% de PLF
Fácil no Grupo Gcor, porém sem diferença estatística (p=0,126). Na avaliação das
PLF entre o mesmo grupo existe diferença entre Fácil e Difícil (p<0,001). Tanto a
injeção do corante como de SF não afetaram a função do nervo facial. O índice Kappa
para os pontuações de PMV e PFP foram 0,98 (ótimo) e 0,71(bom) respectivamente
em todos os dias observados. O Gcor apresentou PMV e PFP melhores que o Gsem
(p<0,001), havendo variação destas pontuações ao longo do tempo de observação
(p<0,001). O período de maior variação ocorreu em D2, em ambos grupos (p<0,001),
retornando ao normal em D28. Não houveram paralisias definitivas ou óbitos nos
grupos. A sensibilidade do método é de 83%, acurácia de 72%, porém com
especificidade de 40%. Conclusões: O método experimental em ratos de coloração
com fluorescência do nervo facial permitiu a visualização intraoperatória com
diferença estatística em relação aos controles. O método foi eficaz na identificação e
preservação do nervo facial e seus ramos, apresentando alta sensibilidade (83%) e
acurácia (72%), com especificidade de 40%. Tanto o corante fluorescente como a
técnica de injeção padronizada não interferiram na função do nervo facial do rato,
podendo ser aplicadas em outros estudos de nervo facial. Não houve nenhuma
paralisia definitiva nos ratos examinados.