A transição ao 2º ciclo do Ensino Fundamental (E.F.) envolve importantes mudanças nas
relações interpessoais e nas demandas acadêmicas que podem influenciar o desempenho
escolar dos estudantes. Assim, o 6º ano do E.F. configura-se com um momento importante
que pode levar a uma trajetória escolar de sucesso ou aumentar a chance de, por exemplo,
o aluno apresentar dificuldades escolares e/ou problemas de comportamento. Desse
modo, o presente estudo teve como objetivos: (1) comparar habilidades sociais, sintomas
de estresse, percepção de estressores escolares e apoio social dos alunos do 6° ano do
E.F., classificados em três grupos (com Alto Desempenho Escolar - ADE, com Médio
Desempenho Escolar - MDE, e com Baixo Desempenho Escolar - BDE); (2) analisar as
associações entre habilidades sociais, sintomas de estresse, percepção de estressores
escolares, apoio social dos estudantes, reprovação escolar, habilidades sociais dos pais e
o desempenho escolar dos alunos; (3) investigar se as habilidades sociais, sintomas de
estresse, percepção de estressores escolares, percepção de apoio social dos estudantes,
reprovação escolar e habilidades sociais dos pais são variáveis preditoras do desempenho
escolar dos alunos. Participaram do estudo 214 alunos (idade média de 11,8 anos), de
ambos os sexos que frequentavam o 6º ano do E.F. de três escolas públicas da rede
estadual situadas em Humaitá – AM, e seus respectivos pais (mãe, ou pai ou responsável
pelo aluno). Os estudantes responderam ao Inventário de Habilidades Sociais para
Adolescentes (IHSA-Del-Prette), a Escala de Estresse Infantil (EEI), ao Inventário de
Estressores Escolares (IEE) e a Escala de Percepção de Apoio Social (EPAS). Os pais
responderam ao Inventário de Habilidades Sociais Educativas (IHSE-Del-Prette) e ao
questionário com informações demográficas e nível socioeconômico. As análises
estatísticas foram realizadas por meio dos testes ANOVA, correlação de r de Pearson e
análise de regressão linear múltipla. As análises comparativas indicaram que: (a) os
alunos com BDE apresentaram menos habilidades sociais de assertividade que os alunos
com ADE; (b) os alunos com BDE tiveram mais sintomas de estresse infantil referente às
reações psicodepressivas que os alunos com ADE e MDE e no total da escala que os
alunos com ADE; (c) os alunos com BDE manifestaram mais estressores escolares de
tensão relacionados ao papel do estudante e no total do inventário que os alunos com
ADE e MDE; (d) os alunos com BDE perceberam menos apoio social da família que os
alunos com ADE e MDE e no total da escala que os alunos com ADE; (e) os pais dos
alunos com BDE apresentaram menos habilidades sociais educativas de conversar que os
pais dos filhos com ADE. Foram encontradas correlações significativas positivas entre
habilidades sociais de assertividade, percepção de apoio social da família, dos amigos e
no total da escala, habilidades sociais educativas dos pais de conversar e o desempenho
escolar. Associações negativas significativas foram encontradas entre habilidades sociais
de abordagem afetiva, reações psicodepressivas, total da escala de estresse infantil, tensão
relacionada ao papel do estudante, o total do inventário de estressores escolares e o
desempenho escolar. O modelo preditivo testado evidenciou que as variáveis reprovação
escolar e o total de estressores escolares predisseram o desempenho escolar dos alunos
do 6º ano do E.F., contribuindo para explicar 10% da variância do desempenho. Com essa
pesquisa foi possível compreender como variáveis dos alunos e dos seus contextos
familiar e escolar podem influenciar o desempenho escolar durante a transição para o 6º
ano do E. F. Essas informações poderão ser utilizadas em programas de intervenção com
alunos, pais e professores.