Este estudo avaliou a eficiência da oleuropeína (OLE) (composto fenólico extraído
das folhas de Oliveira) isolada e associada aos sanitizantes comerciais ácido peracético
2% (APA), hipoclorito de sódio 2% (HS), peróxido de hidrogênio 3% (PH), digluconato
de clorexidina 2% (DC), cloreto de benzalcônio 1% (CB) e iodofor 2% (IO), para
inativação de células em suspensão e biofilmes monoespécie e multiespécie formados
em superfícies de aço inoxidável ou microplaca de poliestireno por Listeria
monocytogenes (ATCC 7644), Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia
coli (ATCC 25922), todas classificadas como fortes produtores de biofilmes. Os
isolados foram semeados em caldo TSB (caldo tripticase soja), incubados (37oC/24h) e
corrigidos a ~108células/mL (escala 0,5 McFarland). Para bactérias em suspensão, a
resistência a sanitizantes foi determinada pela Concentração Inibitória Mínima (CIM)
em tubos e pelo método de Disco Difusão em Ágar (DDA), no qual as bactérias foram
plaqueadas em ágar TSA contendo discos de 6mm de papel filtro embebidos nos
sanitizantes. Após a incubação, a medição dos halos de inibição foi feita com
paquímetro. Para os ensaios de resistência dos biofilmes aos compostos sanitizantes,
foram utilizadas microplacas de poliestireno 96 poços, as quais foram preparadas para
incubação-fixação dos biofilmes e submetidas à leitura em espectrofotômetro de ELISA
(600 nm). Em seguida, as placas foram lavadas com solução salina tamponada (PBS,
pH 7.4) e os sanitizantes inseridos por 1 minuto. Após neutralização com tiossulfato de
sódio (5 minutos), as placas foram lavadas com PBS e metanol, coradas com cristal
violeta 1% e coradas com ácido acético glacial (33%) para nova leitura a 570nm. A
eficácia da remoção do biofilme pelos sanitizantes foi comparada pelo índice de
formação de biofilme (IFB). As imagens do aço inoxidável após tratamento com
sanitizante foram feitas através de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) eMicroscopia Confocal, para visualizar a persistência dos biofilmes. Os valores de CIM
(diluição 1:2) mostraram que OLE não teve atividade bactericida. No método DDA, L.
monocytogenes, foi resistente à OLE, enquanto E. coli e S. aureus apresentaram
resistência intermediária. Os sanitizantes comerciais apresentaram boa atividade
bactericida nos ensaios de CIM e DDA, sendo que as associações de OLE aos
sanitizantes comerciais aumentaram o efeito germicida. Nos ensaios com biofilmes em
monoespécie, somente os sanitizantes comerciais, isolados ou associados com OLE,
foram eficazes de reduzir o valor de BFI em microplaca de poliestireno. Em biofilmes
multiespécie, OLE apresentou efeito antimicrobiano, sobretudo sobre a associação de L.
monocytogenes + E. coli + S. aureus (redução: 91,49%). Nenhum dos compostos
avaliados foi capaz de inativar completamente os biofilmes nas superfícies de aço
inoxidável, uma vez que células viáveis foram observadas após os tratamentos com os
sanitizantes, indicando persistência dos biofilmes. Os resultados indicam que a
oleuropeína apresentou potencial para incrementar o efeito bactericida de sanitizantes
comerciais para eliminação de biofilmes em superfícies inertes, sendo necessários
estudos para compreender os mecanismos de ação dessas combinações.