Tem a presente pesquisa o intuito de delinear o conceito de experiência forjado por
Giorgio Agamben, especialmente a partir de suas publicações que antecedem ao projeto
filosófico Homo Sacer, pelo qual ganhou notoriedade mundial. Partindo da crítica à
modernidade e do diagnóstico de Walter Benjamin sobre a falência da experiência observo
que inicialmente Agamben pensa esse conceito em relação ao problema da transmissibilidade
da tradição. Nesse sentido, as reflexões sobre a experiência da arte realizadas em seu primeiro
livro, O homem sem conteúdo, contribuíram para pensar um conceito de experiência
produzido na tensão entre passado e presente, tradição e sua transmissibilidade. Sob esse
enfoque abordo a questão do tempo e da história no pensamento do autor. No entanto, a partir
de seu terceiro livro, Infância e história: destruição da experiência e origem da história,
Agamben passa a conceber um conceito de experiência como uma particular relação com a
linguagem e com isso, tece uma concepção de linguagem própria que ele chama de
experiência da infância. Durante a década de 1980, Agamben realizou investigações sobre o
problema da linguagem e formulou, a partir de uma interlocução com Benjamin, uma nova
ideia de linguagem. Pretendo, desse modo, trazer à luz a potência política contida na
formulação agambeniana da infância como experimentum linguae.
This research aims to outline the concept of experience as thought by Giorgio
Agamben, especially focusing on his publications prior to the philosophical project Homo
Sacer, for which he has won worldwide notoriety. From the starting point of the critique of
modernity and the diagnosis of Walter Benjamin about the failure of experience I observe
that, initially, Agamben thinks this concept in relation to the problem of transmission of
tradition. In this sense, the reflections on the experience of art made in his first book, The man
without content, contributed to bring a concept of experience produced in the tension between
past and present, tradition and its transmissibility. Under this approach I address the question
of time and history in the thinking of the author. However, from his third book on, Infancy
and history: the destruction of experience, Agamben goes on to conceive a concept of
experience as a particular relationship to language and, thought, weaves a singular conception
of language which he calls infancy experience. During the 1980s, Agamben carried out
investigations on the problem of language and formulated, by means of his dialogue with
Benjamin's thought, a new idea of language. I intend, therefore, to bring to light the political
power contained in the Agamben's formulation of infancy asexperimentum linguae.