A locomoção é fator de grande importância para a saúde dos bovinos. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi, primeiramente, avaliar o possível impacto de dois tipos de manejo sobre a morfologia do casco de bovinos, bem como avaliar diferenças entre os cascos dos membros torácico e pélvico e dígitos laterais e mediais fazendo uso da análise de correspondência. Em uma segunda abordagem, com uso da densitometria óssea, em que é possível avaliar a densidade do esqueleto, tivemos como objetivo avaliar a densidade mineral óssea do III metacárpico e falanges de bovinos Nelore confinados e criados na pastagem. Vinte e quatro extremidades de membros de bovinos, sendo 12 mantidos em confinamento e 12, no pasto, foram coletadas de animais abatidos aos 20 meses de idade. As extremidades foram seccionados na articulação carpometacárpica/tarsometatársica. Foram realizadas oito medidas macroscópicas dos aparelhos ungueais, associando o ambiente em que os animais foram alocados e o sistema de produção. As amostras foram mensuradas com fita métrica milimetrada no dígito lateral e medial dos membros torácicos e pélvicos para obtenção dos dados a seguir – altura da parede abaxial, altura da parede axial, comprimento da sola, largura da sola, comprimento do bulbo, largura do bulbo, altura do bulbo e o comprimento da parede lateral do casco. Após mensuração macroscópica, as extremidades do membro torácico, distais à articulação carpometacárpica foram escaneadas pelo equipamento de absorciometria de raios X em dupla energia Hologic® e foram obtidos os valores de densidade mineral óssea (BMD) e conteúdo mineral ósseo (BMC) do III metacárpico, falanges média medial e lateral, falanges distal medial e lateral. Com os dados das medidas macroscópicas dos cascos, a análise exploratória multivariada de correspondência múltipla mostrou associação entre os membros pélvicos e torácicos, bem como dos dígitos mediais e laterais em animais mantidos em confinamento e em pasto. Animais confinados apresentaram cascos mais altos nas paredes axial e abaxial, altura do bulbo maior e sola menor. Cascos de animais mantidos no solo da pastagem apresentaram bulbo baixo e maior comprimento de sola. As alterações na anatomia do casco decorrentes do impacto causado por tipos diferentes de piso devem ser consideradas ao se investigar as causas de claudicação em bovinos de corte, com outros fatores que influenciam na conformação dessa estrutura. Os dados de densidade mineral óssea do nosso experimento indicam que há heterogeneidade no perfil da densidade mineral óssea em bovinos de acordo com o sistema de criação, tipo de osso e estresse mecânico. A técnica da absorciometria de raios X em dupla energia mostrou-se eficaz para obtenção de valores de referência da BMD e BMC do III metacárpico e falanges de bovinos adultos, podendo ser utilizada em ensaios experimentais para a quantificação indireta da qualidade óssea e do conteúdo mineral ósseo.