Objetivou-se avaliar os efeitos do tratamento com ureia e enzimas fibrolíticas no
resíduo de algodoeira sobre a composição bromatológica, fracionamento dos
carboidratos e nitrogênio e estimativas do conteúdo energético do resíduo de varredura
das algodoeiras; avaliar a degradabilidade da matéria seca e fração fibrosa e cinética da
fermentação ruminal, por meio da técnica semiautomática in vitro de produção de gases
em função do tratamento com ureia e enzimas fibrolíticas no resíduo de algodoeira; e
quantificar os efeitos de dietas formuladas com resíduo de algodoeiras tratado com ureia
e níveis de enzimas fibrolíticas sobre o consumo, digestibilidade dos nutrientes e
desempenho animal em cordeiros confinados. Foi utilizado um delineamento
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 4, com duas doses de ureia (0 e 6%) e
quatro doses de enzimas (0, 2, 4 e 6%), com base na MS, com quatro repetições. Para o
tratamento químico, a ureia foi dissolvida em água e calculada a quantidade de água
para elevar a umidade do material para 25%. A mistura de enzimas fibrolíticas foi
composta de 75% de celulase e 25% de hemicelulase. Foi determinada a composição
bromatológica. Na avaliação da produção de gases, a pressão foi mensurada às 2, 4, 6,
8, 10, 12, 15, 18, 21, 24, 30, 36, 48, 72, 96 e 120 horas após a inoculação. Para avaliar a
degradabilidade ruminal da matéria seca e fração fibrosa, o material foi incubado em
sacos de filtro F57, utilizando uma incubadora, nos tempos 0 (lavagem direta), 6, 12,
24, 48, 96 e 120 horas. No ensaio a campo, foram utilizados 30 cordeiros da raça Santa
Inês, com peso médio de 20 kg. Foi utilizado o resíduo de algodoeira, pré-tratado com
6% de uréia e quatros níveis de enzimas fibrolíticas (0, 2, 4 e 6%, base na matéria seca)
(75% celulase e 25% hemicelulase) além de um tratamento controle sem adição de ureia
e enzimas. Foram utilizadas dietas isonitrogenadas e isoenergéticas, que continham o resíduo de algodoeira (como único volumoso), milho, farelo de soja e minerais no
concentrado, em uma relação volumoso: concentrado de 50:50. Os resultados dos
componentes da parede celular apresentaram interação entre ureia e enzimas somente
para os teores de Fibra em Detergente Ácido. Os efeitos do tratamento enzimático
obteve um efeito linear negativo para todos os parâmetros avaliados da parede celular,
refletindo no aumento da parede celular. Para os resultados da fração do nitrogênio,
houve efeito da interação entre as doses de ureia e enzimas fibrolíticas para as variáveis
de nitrogênio total (NT) e nas frações A e C. Na fração dos carboidratos houve
interação entre as doses de ureia e de enzimas para os carboidratos totais e carboidratos
não fibrosos. O volume máximo de produção de gases da fase rápida (Vf1) diferiu para
os tratamentos com amonização com e sem uréia. Os resultados dos parâmetros da
degradabilidade ruminal da MS não apresentaram interação para nenhum parâmetro. As
frações “b” e “c” observou-se aumento com adição de ureia, mas houve redução para a
degradabilidade efetiva a 5 e 8%/h com a adição de ureia. O consumo obtiveram as
médias MS (1311,4), MO (1189,9), PB (254,1), EE (44,1), FDN (748,9), FDA (487,9),
CF(670,4) e NDT (810,0) g/dia. Nos resultados da digestibilidade aparente dos
nutrientes da proteína bruta e extrato etéreo não apresentaram diferenças entre os
tratamentos enzimáticos e a dieta controle, nem entre os níveis de enzimas no
tratamento do resíduo de algodoeira, enquanto que os demais apresentaram efeito
significativo. Em relação aos níveis de enzimas utilizados, houve aumento linear para
digestibilidade da MS, MO, CNF e NDT, de 1,7; 1,3; 1,2 e 1,2 unidades percentuais
para cada 1% de enzima aplicada, e redução da digestibilidade da FDN, FDA e CF de
0,3; 0,5 e 0,4 unidades percentuais para cada 1% de enzima aplicada, respectivamente.
Os valores médios dos tratamentos com as enzimas fibrolíticas não apresentaram efeito,
frente aos animais do grupo controle, sobre os dados de desempenho avaliados. A ação
simultânea da ureia e enzimas fibrolíticas atua eficazmente na melhoria do valor
nutritivo do resíduo de algodoeira, refletindo-se em melhores resultados nas análises
laboratoriais. Também na avaliação com os animais, a digestibilidade aparente dos
nutrientes apresentou efeito positivo das enzimas fibrolíticas. Portanto, a utilização de
6% de ureia e 6% de enzimas, atua eficiente para a melhoria do valor nutricional do
resíduo de algodoeira.