A faixa costeira amazônica abriga diversos ambientes dentre os quais estão os manguezais e restingas. Até o momento, nenhum estudo sistematizado sobre a araneofauna nesses dois ambientes foi realizado na costa amazônica. Assim, o presente estudo teve como objetivo registrar as assembleias de aranhas em áreas de restinga e manguezal ao longo da península de Ajuruteua, Bragança, PA. Foram realizadas seis coletas, no período de março-novembro/2012, três na estação chuvosa e três na seca, sendo selecionados três sítios em cada ecossistema. As aranhas foram coletadas com auxílio de guarda-chuva entomológico e coleta manual. Coletou-se um total de 197 amostras compostas de 1643 indivíduos, sendo que 117 amostras (59,39%) apresentaram indivíduos adultos (n=464). No manguezal foram capturadas 324 (69,8%) aranhas e na restinga 140 (30,2%). Foram obtidas 67 morfoespécies distribuídas em 20 famílias, 19 da infraordem Araneomorphae e uma da infraordem Mygalomorphae As fêmeas (n=243) corresponderam a 52,4% do inventário, enquanto os machos (n=221) a 47,6%. No manguezal registrou-se 324 indivíduos de 39 espécies distribuídas em 11 famílias, 16 espécies foram comuns à restinga, portanto, o manguezal teve 23 espécies exclusivas e as famílias que apresentaram maior número de espécies foram Salticidae (n=13) e Tetragnathidae (n=8). Quanto ao número de indivíduos, as famílias Theridiidae (24,07%), Araneidae (23,46%), Tetragnathidae (13,27%), Pholcidae (12,65%), Salticidae (11,73%) e Nephilidae(10,49%) foram as mais abundantes. A restinga apresentou o menor número de indivíduos (n=140), entretanto para este ambiente obteve-se maior número de espécies (n=28) e as famílias Salticidae, Theridiidae e Araneidae foram as que apresentaram os maiores valores de riqueza, enquanto as famílias Salticidae (17,14%), Theridiidae (15,71%), Linyphidae (13,57%), Miturgidae (13,57%), Araneidae (10,71%) e Pholcidae foram as mais abundantes. A análise de similaridade ANOSIM, mostrou que houve diferença significativa entre os ecossistemas (R=0,137; p<0,001). A rotina SIMPER identificou Manogea porracea como a espécie dominante para o inventário, apresentando um valor de 46,1% de contribuição, e mostrou a restinga como o ambiente que apresenta melhor distribuição de espécies. As análises estatísticas também não encontraram diferença entre as estações climáticas. A análise de Escalonamento MultiDimensional (2D Stress=0,24), de forma complementar à análise ANOSIM, mostrou que não houve diferença significativa entre os valores de abundância registrados na estação seca e chuvosa (R=0,021; p> 0,05). A restinga apresentou maior valor para o índice de Shannon, H’=3,25, enquanto o manguezal apresentou o maior valor para densidade (0,0005 ind . m -2 ), no entanto o teste Z mostrou que não houve diferença estatística entre os dois ambientes, tanto para a diversidade (Z=2082; p>0,05) quanto para a densidade (Z=4550; p>0,05). Nenhum dos estimadores de riqueza Chao1 e Bootstrap e Jackknife1 e Bootstrap alcançaram uma assíntota para o manguezal e restinga, respectivamente. As nove guildas registradas estão distribuídas em quatro grupos (corredoras, caçadoras, tecedoras e emboscadeiras), sendo que três não estão presentes no manguezal. A maior riqueza de espécies de aranhas na restinga parece ser resultado da diversificação e complexidade da vegetação. Por outro lado, a abundância das aranhas construtoras de teias no manguezal pode estar relacionada à maior oferta de alimento associada às condições climáticas, que parecem favorecer essa guilda.