Em Minas Gerais, a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) encontra-se distribuída sob diferentes perfis epidemiológicos e padrões de transmissão. A delimitação de circuitos espaciais de produção, definidos pelo Ministério da Saúde (MS) por triênio, fornecem subsídios para medidas profiláticas específicas, sendo estas áreas de grande relevância epidemiológica. Objetivou-se avaliar a distribuição epidemiológica de casos de LTA em todo o estado de Minas Gerais no período entre 2007 a 2013 e dos circuitos espaciais de produção, por triênio entre 2007 a 2011, relacionando a frequência dos casos de LTA por densidade demográfica com variáveis socioambientais e do uso da terra. Realizou-se um estudo epidemiológico observacional retrospectivo para caracterizar a distribuição epidemiológica dos casos. Foram utilizados dados secundários de casos de LTA do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), dados do Censo Demográfico de 2010 e dados do Censo Agropecuário de 2006 ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de dados do subíndice do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) e do Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) para avaliar a relação dos casos de LTA por densidade demográfica com fatores socioambientais e do uso da terra por meio da análise multivariada de componentes principais (ACP). Entre 2007 a 2013 ocorreram 9.107 casos novos de LTA em Minas Gerais, taxa de detecção média de 6,6 casos por 100.000 habitantes e densidade de casos de 2,2 casos por quilômetro quadrado. As mesorregiões Norte de Minas Gerais, Região Metropolitana de Belo Horizonte e Vale do Rio Doce, apresentaram maior concentração de casos. Identificou-se no período entre 2007 a 2011, três circuitos espaciais de produção. Estas áreas concentram municípios que no geral apresentaram densidade de casos acima de 10 casos por quilômetro quadrado. Uma tendência decrescente dos casos ao longo do período foi avaliada, com picos de transmissão e expansão do agravo entre os municípios no biênio 2010-2011. Houve maior registro de casos nos meses de janeiro a março e dezembro. Houve predominância de casos entre o sexo masculino, faixa etária entre 30 a 59 anos, forma cutânea, diagnóstico laboratorial e baixa escolaridade. A zona rural foi predominante na avaliação geral do estado e nos circuitos espaciais de produção com exceção do circuito 1. Pela ACP, identificou-se para os três circuitos uma forte associação entre os casos de LTA por densidade demográfica com lavoura temporária, pastagem natural, floresta natural, terras inaproveitáveis e população rural, e uma fraca associação com pastagem plantada. O IFDM e os subíndices do IMRS representados pela taxa de analfabetismo e renda per capita não apresentaram relevância no sistema de ACP. De forma geral, os grandes usos da terra, a densidade demográfica as variáveis ambientais, e o saneamento básico foram relevantes para a ocorrência de casos de LTA nos circuitos espaciais de produção.