Objetivou-se avaliar o uso das glicerinas mista e bruta na alimentação de codornas de corte. Foram executados dois experimentos, sendo um de digestibilidade para determinar os valores energéticos da glicerina vegetal bruta e da mista semipurificada. No segundo experimento avaliou-se o desempenho, características da carcaça e da carne de codornas de corte recebendo diferentes níveis de inclusão dessas glicerinas nas dietas. No ensaio de digestibilidade utilizou-se 180 codornas de corte, dos 14 aos 21 de idade, alojadas em gaiolas para estudos metabólicos, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2+1, sendo 2 níveis de substituição da ração referência pela glicerina (10 e 20%), dois tipos de glicerinas (vegetal e mista), mais a ração referência, totalizando 5 tratamentos com 6 repetições de 6 aves. O período experimental foi de oito dias, sendo quatro para a adaptação e quatro para coleta total de excretas. A glicerina vegetal bruta apresentou maior energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço do nitrogênio com base na MS (EMAn kcal/kgMS), como na MN (EMAn kcal/kgMN), 5.195 e 4.759, contra 3.884 e 3.472 para a glicerina mista semipurificada, para os valores energéticos, respectivamente. No segundo experimento utilizou-se 432 codornas de corte de 1 a 42 dias de idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x4+1, sendo 2 tipos de glicerinas (vegetal e mista), 4 níveis de inclusão de glicerinas nas dietas (5, 10, 15 e 20%), mais a ração controle, sem inclusão de glicerina, totalizando 9 tratamentos com 4 repetições de 12 aves. Aos 42 dias as aves passaram por jejum sólido de oito horas, para o abate, sendo duas aves de cada repetição separadas dentro do peso médio, para posteriores análises. Avaliou- se o consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar, rendimento de carcaça, de cortes (peito e coxa+sobrecoxa), teor de gordura abdominal, biometria dos órgãos (fígado, coração e moela), amônia volátil, umidade e PH da cama, bem como as características físicas e sensoriais da carne. Os dados foram submetidos à análise de variância e os níveis de inclusão das glicerinas, foram desdobrados em polinômios. Para comparação em relação ao tratamento controle, foi utilizado o teste de Dunnett (5%). Observou-se diferença para o desempenho, onde a glicerina mista proporcionou maiores resultados para consumo de ração em todos os períodos analisados, bem como na conversão alimentar de 1 a 21 dias e de 1 a 42 dias de idade das codornas. Não foi observada diferença entre as glicerinas utilizadas para a amônia volátil, enquanto entre os níveis de inclusão das glicerinas houve efeito linear crescente para essa variável à medida que se adicionou qualquer das glicerinas nas rações. O pH da cama foi superior ao se utilizar qualquer nível de inclusão da glicerina vegetal quando comparado ao tratamento controle, bem como a partir de 10% de inclusão os valores de pH são maiores ao se utilizar a glicerina vegetal e não a mista. Nenhum dos fatores analisados interferiu no teor de umidade da cama. Não foram observadas diferenças para o rendimento, já a gordura abdominal mostrou-se maior nas aves que consumiram ração contendo glicerina vegetal. Para as características físicas da
8
carne considerou-se a perda de peso por cocção, força de cisalhamento e capacidade de retenção de água, onde os dados para os níveis de inclusão das glicerinas foram desdobrados em polinômios, enquanto que para as glicerinas usado o Teste F. Já para as características sensoriais, aroma, cor, sabor e avaliação global, as médias foram comparadas pelo teste de Ducan a 5%. O uso de glicerina vegetal ou mista não interferiu nas características sensoriais da carne de codorna (P>0,05), podendo ser usada em até 20% de inclusão nas rações. Para as características físicas houve diferença (P<0,05) para força e cisalhamento sendo os níveis 12,5% da GMS e 12,78% da GVB os que apesentaram melhores resultados. Para PPC e CRA não houve diferença (P> 0,05) entre os tratamentos analisados. Conclui-se que as duas glicerinas possuem potencial para serem utilizadas até 20% na alimentação de codornas, sem prejudicar o ganho de peso, o rendimento e a qualidade da cama, sendo a glicerina bruta a que apresenta maior quantidade de energia. No entanto, 13% de inclusão de glicerina nas rações de codorna proporciona uma carne mais suculenta.