A pesquisa realizada neste pretendeu caracterizar a criação de pequenos ruminantes na Região Nordeste do Brasil. Para tanto, inicialmente, teve como objetivo analisar a importância da análise de clusters para caracterização de sistemas de produção de pequenos ruminantes, utilizando-se como ferramenta metodológica a pesquisa bibliográfica. Dessa forma, observou- se que a metodologia de análise de clusters, visando à caracterização dos sistemas de produção animal, é uma técnica utilizada no mundo todo, visando identificar os casos exitosos, aspectos vantajosos e impedimentos, de forma a subsidiar ações que propiciem a alavancagem da atividade agropecuária. Posteriormente, a partir de dados coletados de uma pesquisa de campo, por meio de entrevistas com 224 produtores de quatro estados nordestinos, utilizou-se a técnica de análise de agrupamento denominada de análise de clusters, visando, especificamente, identificar os grupos homogêneos existentes e verificar os fatores alavancadores e restritores dos grupos em relação às características gerais do produtor e de sua propriedade, à composição dos rebanhos, aos aspectos socioeconômicos dos produtores e às práticas relativas ao manejo reprodutivo, alimentar e sanitário. Dessa forma, foram identificados cinco grupos homogêneos (ou clusters) de produtores de pequenos ruminantes na Região Nordeste do Brasil. O grupo I representa 25% dos produtores analisados, onde as fazendas têm pouca área, no entanto, elevada densidade animal, destacando-se a presença do rebanho bovino com maior quantitativo nesse agrupamento, caracterizando-se como “pequenas fazendas centradas na produção de leite”. O grupo II contém 20% dos produtores analisados, apresentando os menores quantitativos de rebanhos dentre os grupos, menor adoção de práticas de manejo e a maior frequência de criatórios exclusivos de caprinos e ovinos, sendo definido como “pequenos rebanhos não tecnificados”. O grupo III é o maior grupo, contendo 28% dos criadores entrevistados, onde o rebanho caprino supera sensivelmente o rebanho ovino, sendo nomeado como “caprinocultores tradicionais”. O grupo IV absorve 16% dos produtores mais experientes, com as maiores áreas de propriedades observadas, apresentando, também, um maior quantitativo de animais e um maior percentual de adoção de práticas de manejo, sendo definidos como “grandes fazendas tecnificadas”. O grupo V abrange 11% dos produtores mais jovens, sendo o menor grupo analisado, onde os criatórios mistos de ovinos, caprinos e bovinos são de maior frequência, representando 33% dos produtores desse grupo, nomeado de “criatórios mistos emergentes”. Verificou-se, em geral, uma evolução em todos os grupos no tocante ao manejo alimentar utilizado pelos produtores nordestinos, provocada por políticas de promoção do desenvolvimento do setor rural. Identificaram-se alguns entraves a serem superados, em especial no tocante ao manejo reprodutivo e sanitário dos rebanhos.