Foram estudados 300 estafilococos isolados de casos de mastite bovina de diferentes propriedades do estado de São Paulo: 150 Staphylococcus coagulase positiva (SCP) e 150 Staphylococcus coagulase negativa (SCN). A presença de genes para produção de enterotoxinas foi detectada pela Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) e a expressão gênica pela PCR transcriptase reversa (RT-PCR). Os isolados foram submetidos ao perfil de sensibilidade correlacionada com a detecção dos genes mecA e vanA, pela técnica de PCR. Os 150 SCN isolados foram identificados como sendo: 48 (32%) S. warneri, 22(15%) S. epidermidis, 20(13%) S. hyicus, 10(7%) S. xylosus, 7(5%) S. haemolyticus, 6(4%) S. simulans, 6(4%) S. schleiferi subsp schleiferi, 6(4%) S. hominis, 5(3%) S. pasteuri, 4(2,7%) S. cohnii, 3(2%) S. saprophyticus subsp. saprophyticus 3(2%) S. chromogenes 3(2%) S. sciuri, 2(1%) S. saccharolyticus, 2(1%) S. lugdunensi, 1(0,7%) S. auriculares, 1(0,7%) S. saprophyticus subsp. bovis e 1(0,7%) S. capitis. Entre os SCP foram isolados: 105 (70%) S. aureus, 21(14%), S. hyicus, 19(13%), S. intermedius e 5(3%) S. schleiferi subsp coagulans. A concordância entre a identificação fenotípica e genotípica do total de linhagens de SCN e SCP foi de 96,7% e 98,7%, respectivamente. Foram detectados genes codificadores para enterotoxinas clássicas (sea, seb, sec, sed) e outras enterotoxinas (see, seg, seh, sei, sej, sek, sel, sem, sen, seo, sep, seq) em 175 (58%) dos 300 Staphylococcus spp. pesquisados. Estes genes foram detectados em 109 (73%) dos SCN isolados, resultado significantemente maior que entre SCP 66 (44%), P<0,0001. Entre os 109 SCN foram detectados genes codificadores de enterotoxinas nas seguintes espécies: 37(33,9%) S. warneri, 17(15,6%) S. epidermidis, 16(14,7%) S. hyicus, 5(4,6%) S. xylosus, 5(4,6%) S. haemolyticus, 4(3,7%) S. simulans, 4(3,7%) S. schleiferi subsp schleiferi, 4(3,7%) S. homini, 4(3,7%) S. pasteuri, 3(2,7%) S. saprophyticus subsp. saprophyticus, 3(2,7%) S. cohnii, 3(2,7%) S. chromogenes, 2(1,8%) S. sciuri, 1(0,9%) S. lugdunensis e 1(0,9%) S. capitis. Nos 66 SCP estes genes foram encontrados nas seguintes espécies: 48 (73 %) S. aureus, 10(15%) S. hyicus, 7(11%) S. intermedius e 2(3%) S. schleiferi subsp coagulans. As espécies S. aureus e S. warneri foram as que mais apresentaram genes codificadores de enterotoxinas. Entre os genes codificadores de enterotoxinas clássicas sea foi predominante entre os isolados: 61 SCN (56%) e 29 SCP (44%). Entre SCN a presença dos seguintes genes codificadores de enterotoxina foi observada: sea, seb, sec, sed, see, seg, seh, sem, sen, seo. Entre SCP foram evidenciados: sea, seb, sec, sed, see, seg, sen, sei, sem, sen, seo. Foi detectada tanto a presença de apenas um destes genes como de outros concomitantemente. Verificou-se simultaneamente em um isolado de S. warneri cinco diferentes genes (sec,sed,sem,sen,seo) e em outro isolado de S. aureus cinco genes (see, seg, sem, sen, seo). Nos SCP a principal resistência foi observada aos betalactâmicos, à penicilina em 54 (36 %) isolados, à ampicilina em 51 (34%), à oxacilina 25 (16,7%) enquanto nos foi obesrvada SCN resitência à penicilina em 37 (24,7%), à ampicilina 34 (22,7%) e à oxacilina 20 (13,3%) dos isolados. O gene mecA foi detectado em 17(11%) SCN isolados, em 44(29%) nos SCP, somente em S. aureus. A resistência dos isolados de origem bovina à oxacilina, antibiótico de primeira escolha na terapia de infecções estafilocócicas em humanos, é preocupante em saúde pública e, quando há insucesso no tratamento, a vancomicina é o antibiótico preconizado. O gene vanA, que codifica a resistência à vancomicina não foi detectado nos isolados avaliados. A avaliação da concentração inibitória mínima (CIM), pelo E-test não demonstrou resistência à vancomicina entre os isolados. Entretanto foi verificada resistência intermediária a este antimicrobiano. O presente estudo contribuiu para evidenciar o potencial risco à segurança alimentar dos consumidores do leite e derivados ao avaliar fatores de virulência e resistência em SCP e SCN isolados da mastite bovina.