Quando se faz o dimensionamento de uma viga em concreto armado, normalmente se leva em conta a Hipótese de Bernoulli, ou seja, se considera que as deformações se distribuam linearmente ao longo da seção transversal. No entanto, esta simplificação não pode ser aplicada a certos tipos de estruturas, caracterizadas pela existência de cargas concentradas ou mudanças bruscas na seção transversal, que fazem com que a distribuição de deformações ao longo da seção seja não-linear. Dentre estas regiões, simplesmente denominadas por regiões “D”, pode-se dar destaque as vigas-parede, sendo que, para este tipo de estrutura, deve-se partir para outros métodos de análise, como o Método das Bielas (MB), o Método dos Elementos Finitos (MEF) ou o Método Biela-Painel (MBP). Este trabalho tem como principal objetivo apresentar o procedimento de análise e dimensionamento de vigas-parede pelo MBP, através de uma abordagem manual, visto que as principais pesquisas relacionadas a este método focam na aplicação computacional. O MBP teve suas primeiras aplicações na engenharia civil na década de 1960, sendo que este segue o princípio da divisão da estrutura em bielas, que tem o objetivo de absorver os esforços normais, e painéis, que absorvem esforços cisalhantes. As armaduras das bielas são dimensionadas relacionando a força efetiva e a resistência do aço e, para os painéis, segue-se o processo de dimensionamento de elementos de membrana, de acordo com a Teoria da Plasticidade. As tensões no concreto devem ser verificadas e não devem ultrapassar sua resistência efetiva, que varia para as bielas e os painéis. O dimensionamento de dois exemplos práticos de vigas-parede foi efetuado pelo MBP, sendo que as armaduras resultantes foram comparadas com o modelo de viga convencional, recomendado pela ABNT NBR 6118:2014, e com o MB. Além disso, as vigas-parede foram analisadas de forma não-linear, através dos programas SPanCAD e ATENA 2D, afim de fazer uma comparação das duas soluções. Pelas análises efetuadas, pôde-se concluir que o MBP é um método tão atrativo quanto o MB, sendo que estruturas comuns podem ser dimensionadas por uma simples aplicação das equações da estática.