o presente estudo analisou a ação do cloridrato de levamisol (CL) no
estresse e imunidade inata de pacu (Piaractus mesopotamicus). Os peixes (180 ±
0,27g; 16 ± 0,4cm) foram alimentados com ração contendo CL durante quinze
dias. Um grupo controle e quatro tratamentos (T) foram testados: T1 (100), T2
(150), T3 (300) e T4 (500) mg kg -1 de CL, 15 peixes/repetição, em quadruplicata.
Após isso, os peixes (n=40) foram submetidos à exposição aérea e inoculados
com bactéria Aeromonas hydrophila e amostrados uma, 3, 6 e 24h após a
inoculação. Foram determinados os indicadores de estresse (concentração
plasmática de cortisol, de glicose e número de eritrócitos) e os indicadores
imunológicos (atividade respiratória de leucócitos, do sistema complemento -
ACH50 - e concentração sérica de lisozima). O CL diminuiu significativamente a
concentração plasmática de cortisol em uma (500 mg kg -1 ) e 3 h (300 mg kg -1 )
após a inoculação bacteriana, em relação aos peixes do grupo controle. O CL não
influenciou a glicemia, o número de eritrócitos e a concentração sérica da lisozima.
O CL (100 mg kg -1 ) aumentou a ARL em 1h e também a ACH50 em 3 h e em
todos os tratamentos de CL, 24 h após a inoculação. Os resultados deste estudo
demonstram que a exposição aérea e a infecção bacteriana foram estressores
para o pacu, causando aumento da glicemia e prejuízo da resposta imune da
lisozima e que o CL foi eficiente para reduzir o cortisol e aumentar a atividade
fagocítica dos macrófagos e a ACH50 nos peixes. Durante a amostragem inicial,
para analisar a eficácia do cloridrato de levamisol como antiparasitário, quatro
peixes do grupo controle e de cada tratamento (n=20) foram eutanasiados por
secção medular e encaminhados para análise parasitológica. Para analisar as
lesões histológicas, dez peixes do grupo controle e de cada tratamento (n=50)
foram eutanasiados em benzocaína (100 mg L -1 ). O fígado foi fixado em Bouin
para identificação e quantificação das lesões. Nas brânquias, foi identificado
Anacanthorus penilabiatus (Monogenoidea, Dactylogyridae) e nos intestinos
Rondonia rondoni (Nematoda, Atractinae), ambos com alta prevalência e
intensidade de infecção/infestação. O CL (300 mg kg -1 ) foi eficaz no controle de R.
rondoni, mas não no controle de A. penilabiatus. No fígado, o CL causou menor
frequência de alterações histológicas no T2-T3. No entanto, no T5, o CL causou
maior frequência de dilatação do sinusoide, congestão e infiltrado leucocitário no
pacu. Os resultados indicam que o CL (300 mg kg -1 ) controlou a infecção por R.
rondoni, mas não a infestação por A. penilabiatus e que nesta concentração, a
frequência de lesões histológicas no fígado é menor no pacu.