A aquicultura tornou-se uma importante e lucrativa atividade agrícola, com grande
interesse comercial e social, entretanto pode ser altamente impactante para o
ambiente se não manejada de forma correta. O manejo adequado dos sistemas
de criação de peixes em tanques e viveiros consiste na manutenção da qualidade
da água, já que a produção de organismos aquáticos é dependente de subsídios
externos como o aporte de nutrientes, gerando resíduos, cujo acúmulo no
sistema, pode ser prejudicial ao peixe, à microbiota aquática e ao corpo receptor e
efluente dessa atividade. Macrófitas aquáticas e o perifíton são importantes
ferramentas agindo como biofiltros e minimizando as concentrações de material
orgânico, influenciando na qualidade da água e nos organismos existentes. O
objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência do tratamento da água de tanques
de piscicultura e seus efluentes, utilizando macrófitas aquática e/ou perifíton,
avaliando a influência destes na qualidade da água e consequente influência na
comunidade planctônica. O trabalho foi realizado no Centro de Aquicultura da
Unesp (Caunesp), onde foram utilizados 4 tanques de 40 m2
e 1,5 de profundidade, com tratamentos diferentes (macrófita e/ou perifíton) recebendo a
mesma água de abastecimento. Foi observado que a presença dos tratamentos
apresentou influência direta nas condições bióticas e abióticas dos tanques,
atuando na riqueza e abundância das espécies planctônicas. Através dos
resultados obtidos foi observado que a água do tanque sem planta aquática e/ou
perifíton apresentou associação com temperatura, condutividade, ortofosfato,
fósforo total, DBO5, coliforme termotolerante, nitrogênio amoniacal total, sólidos
totais suspensos e turbidez, assim como o efluente, que também esteve
relacionado a essas variáveis. O sedimento dos tanques acumulou concentrações
diferentes de nutrientes e metais, e o tanque controle apresentou concentrações
significativamente maiores de matéria orgânica, Cu, Fe, Mn, Zn. Essas condições
proporcionaram a predominância da comunidade planctônica correlacionada
positivamente à esses fatores, como Rotifera, Copepoda Cyclopoida,
Cyanobacteria e Xanthophyceae, considerados organismos indicadores de
ambiente eutróficos. No tratamento somente com macrófitas aquáticas, menores
concentrações de nutrientes e maior transparência da água foram obtidos e
consequentemente, com dominância do Copepoda Calanoida, Argyrodiaptomus
furcatus, característicos de ambientes oligotróficos. O tratamento com presença
de substratos para o crescimento da comunidade perifítica esteve associado ao
nitrato, sólidos totais dissolvidos e oxigênio dissolvido, selecionando organismos
planctônicos adaptados às condições oligo-mesotróficas da água, como
Cladocera, Zygnemaphyceae e baixa densidade Rotifera. Através dos resultados
obtidos, foi concluído que o uso de biofiltros, é uma maneira eficaz de minimizar
os efeitos da aquicultura. Logo, o uso de biofiltros pode ser usado como
ferramenta para minimizar os efeitos da produção de peixes, melhorando a água
do próprio sistema de produção, mantendo as condições abióticas e bióticas
adequadas para o crescimento saudável dos peixes.