A abelha rainha (Apis mellifera L.) tem importância crucial no desenvolvimento de uma colônia, porém sua produção, ciclo de vida e desempenho podem ser afetados pelos fatores ambientais, de modo que suas características variam dependendo das condições edafoclimáticas dos locais onde habitam. No entanto, supõe-se que métodos de manejo adequados podem amenizar os efeitos negativos causados por condições ambientais adversas. Diante disso, este trabalho propôs avaliar a influência de diferentes condições ambientais no semiárido nordestino (colônias de abelhas instaladas no sol e na sombra) no processo de produção de rainhas africanizadas de Apis mellifera, bem como no desempenho e longevidade destas rainhas nesse ambiente. Ao todo foram utilizadas 20 colmeias modelo Langstroth nas condições experimentais citadas. Para a produção de rainhas, foram utilizadas 10 colônias órfãs (5 no sol e 5 na sombra) e foram avaliados o percentual de aceitação de larvas, o desenvolvimento ontogenético e a taxa de sucesso das transferências de larvas (emergência) nestas duas condições. Para avaliação da longevidade, rainhas irmãs e com a mesma idade foram introduzidas em colmeias constituídas de um ninho modelo Langstroth contendo colônias de aproximadamente 30.000 abelhas, instaladas diretamente sob o sol e na sombra, sendo 5 colmeias em cada condição experimental. As rainhas em acompanhamento também tiveram o desenvolvimento de suas colônias registrado por meio de revisões in loco a cada 15 dias, realizando estimativas através de mapeamento da área ocupada nos quadros com postura, cria, pólen e mel, isso até as rainhas morrerem. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente mediante a comparação das médias pelo Teste T-Student ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados mostraram que a aceitação de larvas em colmeias na sombra (68,82 ± 17,03%) foi significativamente maior do que a aceitação em colmeias no sol (52,13 ± 16,29%). O ganho de peso das rainhas também foi melhor quando estas se desenvolveram em área sombreada, sendo que a diferença estatística foi detectada a partir do 9º dia do desenvolvimento ontogenético, quando os indivíduos estavam no final do estágio larval. Após esta fase o peso dos indivíduos de ambos os grupos começou a cair (até a emergência das rainhas), mas as rainhas da sombra emergiram em média, 31 mg mais pesadas do que rainhas oriundas de colmeias no sol. Contudo, a taxa de emergência na estufa de rainhas criadas no sol (86,48%) e na sombra (92,07%), não diferiu significativamente. Algumas rainhas ainda permaneceram reprodutivamente ativas após o tempo de coleta de dados e os resultados parciais até então sobre a longevidade mostraram média superior nas rainhas da sombra, porém, não apresentaram diferença estatística. Foi observado vida útil das rainhas de 215 ± 29 dias em colmeias sob condições de sombreamento e 183 ± 46,2 dias das rainhas em colmeias expostas ao sol, podendo essa diferença ser aumentada, uma vez que ainda sobrevivem duas rainhas mantidas na sombra e uma no sol. Consideramos que a amostragem nesse estudo de longevidade sofreu muita interferência das condições inóspitas do semiárido (altas temperaturas, falta de chuvas e escassez de alimento), devendo ser obtidos novos dados para uma conclusão mais precisa. O desenvolvimento das colônias também foi influenciado positivamente pela condição de sombreamento, sendo que a área de cria foi a principal variável favorecida. Conclui-se que a instalação de colmeias sob área sombreada ameniza as condições hostis do Semiárido da Caatinga, proporcionando melhor desempenho das colônias e rainhas, além de maior eficiência no processo de criação racional das rainhas de abelhas africanizadas de Apis mellifera.