Introdução: A musculatura esquelética é importante para o organismo, pois é
responsável pela locomoção, manutenção da postura, proteção de órgãos, além de ser uma
fonte de substratos energéticos. Prejuízos neste tecido envolvendo protocolos de privação de
sono tem sido demonstrado, no entanto, ainda não foram descritas as possíveis alterações
quando o débito de sono se torna crônico. Objetivo: Avaliar os efeitos da restrição de sono
paradoxal por 21 dias no músculo plantar de ratos. Métodos: Foram utilizados ratos machos
Wistar EPM-1, com três meses de idade, pesando entre 300-350g. Os animais foram distribuídos
em dois grupos: controle e restrição de sono paradoxal por 21 dias. O protocolo utilizado para
proporcionar a restrição de sono foi o método modificado das plataformas múltiplas. Os animais
permaneceram acordados por 18 horas, com entrada no tanque de restrição às 16h e saída às
10h do dia seguinte. Os animais tiveram como janela de sono o período de 6 horas diárias. Após
o 21º dia os animais foram eutanasiados por meio da decapitação para extração do sangue e
tecidos (músculo plantar, gorduras e órgãos). Para as amostras sanguíneas foram realizadas
análises de insulina, corticosterona, testosterona total, ureia, creatinina e glicose. A massa do
fígado, adrenal, baço, das gorduras (epididimal e retroperitonial) e do músculo plantar foram
analisadas. Também foram realizadas as medidas da área de secção transversa da fibra
muscular, análise do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), das proteínas
envolvidas na via de síntese e degradação, além da atividade enzimática do proteassomo 26S.
Os dados estatísticos foram realizados utilizando teste T independente ou ANOVA para medidas
repetidas com post hoc de Duncan. O valor de significância adotado foi de p<0,05. Resultados:
A partir do segundo dia de protocolo, a massa corporal dos animais encontrou-se reduzida no
grupo restrição de sono quando comparada ao primeiro dia. A partir do 8º dia essa redução foi
significativa em relação ao grupo controle. Houve atrofia do músculo plantar, caracterizada pela
redução na área de secção transversa assim como na massa do músculo. A concentração
hormonal também se encontrou alterada, houve diminuição plasmática de insulina e redução do
IGF-1 muscular, além de aumento de corticosterona no grupo restrição de sono, caracterizando
um ambiente catabólico. Não houve alteração significativa nos marcadores analisados da via de
síntese proteica, assim como na atividade do proteassomo 26S, por outro lado, na via da
autofagia lisossomal, a proteína LC3 apresentou aumento no músculo de animais do grupo
restrição de sono quando comparado ao grupo controle. Conclusão: A restrição de sono por 21
dias em ratos wistar é capaz de gerar um quadro de atrofia muscular caracterizada pela
diminuição da área de secção transversa e da massa do músculo plantar, com ativação da via
de autofagia.