A região da mandíbula compreendida entre os forames mentuais é determinante no
contorno facial e considerada pelos cirurgiões uma região segura sob o aspecto anatômico
e quanto à quantidade óssea remanescente do processo de reabsorção.
Desse modo, é considerada doadora de enxertos ósseos, receptora de implantes e é
manipulada nos casos de remodelamento facial através de distrações ósseas e mentoplastias.
Apesar da região interforame mentual ter fácil acesso cirúrgico, existem
estruturas anatômicas importantes que devem ser avaliadas, sendo que o risco de
complicações cirúrgicas neurosensoriais é de: 73% em mentoplastias, 30% em enxertos
ósseos realizados em pacientes dentados, 57% em pacientes desdentados e
de 10% em instalações de implantes na região. Sob o aspecto vascular, há vasos
que penetram na face interna da mandíbula que, uma vez rompidos, causam hemorragias
intensas nos espaços sublingual e submandibular, podendo levar à obstrução
da via aérea superior e até a morte. Objetivou-se avaliar os detalhes anatômicos da
região interforame mentual da mandíbula (RIFM) através de estudo topográfico, estrutural
e tomográfico em mandíbulas dentadas (GDen) e desdentadas (GDes). A
microscopia eletrônica de varredura evidenciou: um forame lingual (FL) de calibre
acentuado no plano sagital mediano, forames acessórios espalhados na face interna
da RIFM, o trajeto do canal lingual dentro da compacta óssea lingual, o canal incisivo
(CI) e a alça mentual (AM) e, através da criofratura, a disposição difusa de canais
ósseos na sínfise. A avaliação histológica constatou a presença do CI, AM, FM e FL
na RIFM, inclusive com os constituintes vasculo-nervosos. O CI não apresentou contorno
ósseo completo em todas as secções sagitais realizadas e a injeção de Red
Mercox evidenciou o CI mais delimitado em GDes. A avaliação tomográfica da RIFM
revelou a prevalência de densidade D2 e a presença de Fóvea Sublingual em 86
(44,1%) dos pacientes, com diferença estatisticamente significante entre GDen
(2,06±0,66mm) e GDes (1,49±0,28mm) do lado esquerdo. Foi detectada diferença
estatística significante entre os gêneros tanto para o lado D (p=0,032) como para o
lado E (p=0,007) para a espessura vestibular nas regiões posteriores. A espessura
da Cortical óssea Vestibular Anterior (região de sínfise) foi diferente entre GDen F
(1,90±0,48 mm) e GDen M (2,60±0,59 mm) e entre GDes F (2,62±0,92 mm). A AM D
esteve presente em 107 (54,9%) e em 113 (57,9%) pacientes do lado E, independe
do Grupo e do Gênero. O comprimento anterior médio da AM E foi de 1,61 (±0,71)
mm. O CI está presente em 86 (44,1%) pacientes e na região de sínfise só foi visualizado
em 12 (6%) pacientes, 10 (10%) em GDen e 2 (2,1%) em GDes. Ao menos
um Forame Lingual (FL) esteve presente em 134 (68,7%) pacientes. Encontrou-se
10 (7,5%) pacientes que apresentaram forame lingual em iGen, 86 (64,2%) pacientes
em sGen e 38 (28,4%) em iGen e sGen concomitantemente. A comparação entre
os FL avaliados em tomografias e em mandíbulas secas através de lupa constatou
maior presença de FL em Mandíbulas secas 198 (99%) do que em tomografias 134
(68,7%), independente dos Grupos (p<0,001).