Resumo: O atual debate acerca dos regimes alimentares reflete, de maneira geral, as transformações do sistema agroalimentar ao longo do tempo e do espaço. O conceito de regimes alimentares permite situar, historicizar e identificar os principais atores e elementos estabilizadores de cada contexto histórico, econômico, político e social, ao mesmo tempo em que permite apontar os limites e contradições desses processos, ou seja, os períodos de instabilidade, que, por sua vez, impulsionam transformações em direção à superação de um regime por outro. Dentre os diversos enfoques sobre a emergência do chamado 3° regime alimentar, surgido nos anos 70 e permanecendo até os dias atuais, uma questão parece ser relevante: a politização do consumo e o surgimento e expansão de redes alimentares alternativas. Neste processo, diferentes formas de organização, relação e comercialização são estabelecidas, ao mesmo tempo em que um “novo” ator ganha centralidade: o consumidor. No Brasil, o processo de construção da Rede Nacional de Grupos de Consumo Responsável faz emergir trajetórias, processos e dinâmicas de diversos grupos, dentre eles o Movimento de Integração Campo-Cidade (MICC) que, desde a década de 80, vem articulando pequenos produtores rurais e consumidores urbanos de baixa renda da Zona Leste de São Paulo. O trabalho analisou o MICC a partir dos conceitos de governança, mercado e enraizamento.
The current debate about diet regimens reflects, in general, the transformations of the agrifood system over time and space. The concept of dietary regimes makes it possible to locate, historicize and identify the main actors and stabilizing elements of each historical, economic, political and social context, while allowing to point out the limits and contradictions of these processes, that is, periods of instability, which, in turn, drive transformations towards overcoming one regime by another. Among the various approaches to the emergence of the so-called 3rd food regime, which emerged in the 1970s and remains today, one issue seems to be relevant: the politicization of consumption and the emergence and expansion of alternative food networks. In this process, different forms of organization, relationship and commercialization are established, at the same time that a “new” actor gains centrality: the consumer. In Brazil, the process of building the National Network of Responsible Consumption Groups raises the trajectories, processes and dynamics of several groups, including the Movement for the Integration of Countryside-Cities (MICC), which, since the 1980s, has been articulating small producers rural and low-income urban consumers in the East Zone of São Paulo. The work analyzed the MICC based on the concepts of governance, market and rooting.