Com o crescimento do uso de coelhos (Oryctolagus cuniculus) como pets, seus proprietários vêm buscando a ovariosalpingohisterectomia (OSH) como forma de evitar sua procriação, além da prevenção de doenças no aparelho reprodutor, como o adenocarcinoma uterino, comum nessa espécie. Entretanto, a literatura relata que coelhas submetidas à OSH podem desenvolver incontinência urinária. O presente estudo teve por objetivo avaliar a morfologia dos ovários e vesícula urinária de coelhas submetidas à OSH associada ao transplante autólogo de seus ovários para o tecido subcutâneo. Foram utilizadas 24 coelhas da raça Nova Zelândia com faixa etária de 6 meses a 1 ano, divididas em 4 grupos aleatoriamente: o Grupo 1 (n=6) o controle; os Grupos 2 (n=6) e 3 (n=6) foram submetido à OSH e transplante dos ovários para o tecido subcutâneo, sendo o Grupo 2 submetido à eutanásia e coleta de material após dois meses do ato operatório e o Grupo 3 após quatro meses; o Grupo 4 foi submetido à OSH simples. No dia do procedimento operatório e 60 e 120 dias após a operação, foi feita coleta células do epitélio vaginal para avaliação citológica. Após eutanásia, os 24 exemplares tiveram seus ovários e vesículas urinárias avaliados macro e microscopicamente por meio de análise histopatológica convencional. Foram encontrados tecidos ovarianos em 50% dos animais do Grupo 2 e em 67% dos animais do Grupo 3, sendo que nesses só em 75% foram observados folículos viáveis. Em todos eles havia revascularização satisfatória. Os valores expressos em média e desvio padrão para os Grupos 1, 2, 3 e 4 respectivamente foram 71,24μm (±7,62); 76,51μm (±6,03); 60,15μm (±6,22); 71,16μm (±4,56) para altura epitelial; 2,3 N/mm2 (±0,32); 2,22 (±0,14); 2,49 (±0,32); 2,08 (±0,31) para a relação núcleo:área de epitélio; 636,97μm (±113,52); 732,32 (±107,48); 695,73 (±122,30); 632,82 (±131,74) para espessura de parede; 54,49% (±2,55); 55,57%(±1,06); 59,23% (±2,04); 63,51% (±3,00) de colágeno na parede vesical e 45,51% (±2,55); 44,42% (±1,06); 40,76% (±2,04); 36,49% (±2,99) de músculo liso. Esse trabalho sugere que o transplante autólogo heterotópico de ovários íntegros em coelhas é viável em torno de 60 % dos casos, sendo capaz de manter o ciclo ovariano e níveis hormonais suficientes para preservar a integridade da parede vesical.