A produção de ovinos no Brasil é uma atividade em crescimento, sendo a verminose gastrintestinal um dos principais problemas sanitários que atingem a produção. O Haemonchus contortus é o principal parasito e, em função do uso excessivo de tratamentos anti-helmínticos, a sustentabilidade dos sistemas de produção de ovinos está ameaçada pela resistência anti-helmíntica. Buscam-se, portanto, alternativas ao tratamento químico. Sabe-se que a nutrição desempenha um papel decisivo na imunidade dos ovinos e que pode ser ferramenta no controle da verminose. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a suplementação proteica como estratégia no controle da verminose gastrintestinal, por meio do fornecimento de diferentes níveis proteicos na dieta de cordeiros. Para isso, foram avaliados 60 cordeiros mestiços das raças Ile de France e Texel da Fazenda Experimental Gralha Azul da PUCPR, divididos em três grupos de 20 animais, que receberam concentrado, na proporção de 3% do peso vivo, com valores de Baixa Proteína (BP – 8,5%), Média Proteína (MP – 15%) e Alta Proteína (AP – 25%). Durante o experimento, com duração de 98 dias, foram realizadas análises quinzenais (D0 a D98) de parâmetros produtivos (peso, medidas corporais e avaliação da condição corporal), parasitológicos (contagem de ovos de parasitos nas fezes – opg, classificação pelo método FAMACHA e contagem de parasitos no abomaso) e hematológicos/imunológicos (hematócrito – Ht, contagem de eosinófilos sanguíneos, contagem de mastócitos e eosinófilos na mucosa do abomaso) e bioquímicos (proteína total, albumina, globulinas e ureia). Não houve diferença (p > 0,05) no peso médio dos grupos BP, MP e AP, iniciando em D0 com 22,0 kg, 21,4 kg e 21,1 kg, e finalizando em D98 com 46,4 kg, 48,3 kg, 48,2 kg, respectivamente. O ganho médio diário de peso (GMD) foi de 250 g para o grupo BP e de 270 g para os grupos MP e AP, sem diferença estatística (p > 0,05). Nas avaliações da condição corporal e dos valores médios de medidas corporais também não houve diferenças entre os grupos (p > 0,05). Nos valores de opg, houve diferença entre a média dos diferentes grupos. No D98, o grupo BP apresentou média de 6.765 opg, maior (p < 0,05) que a média de 1.617,5 opg do grupo MP e semelhante (p > 0,05) ao grupo AP, com média de 3.435 opg. Observou-se, também, aumento significativo na média de opg do grupo BP ao longo do experimento, sendo que a média no D98 (6.765 opg) foi superior (p < 0,05) à média no D0 (1.075 opg). As médias dos grupos MP e AP permaneceram constantes. Quanto aos valores de Ht, houve redução (p < 0,05) na média somente do grupo BP, entre D0 e D98. No D98, a média de 30,7% do grupo BP foi inferior (p < 0,05) ao MP (33,9%) e semelhante (p > 0,05) ao AP (33,4%). A contagem de parasitos no abomaso não diferiu (p > 0,05) entre os grupos. A proteína total apresentou diferença (p < 0,05) entre os grupos nas avaliações D0, D28, D56, D70 e D84, sendo que as médias do grupo BP foram sempre menores que as médias dos grupos MP e AP. A média de albumina do grupo BP no D98 (2,10 g/dL) foi inferior (p < 0,05) à média no D0 (2,52 g/dL). Quanto às globulinas, observaram-se variações ao longo do experimento nos três grupos, sendo que as médias no D98 para BP e AP foram maiores (p < 0,05) que as médias no D0. Para os valores de eosinófilo sanguíneo e FAMACHA não houve diferenças entre os grupos (p > 0,05), nem nas médias de cada grupo ao longo do experimento. Os valores da contagem de mastócitos e eosinófilos na mucosa do abomaso não diferiram (p > 0,05) entre os grupos. Concluiu-se que os cordeiros suplementados com o concentrado de 15% de proteína apresentaram maior resistência e resiliência aos parasitos gastrintestinais.